Bloomberg — O Credit Suisse pode enfrentar um déficit de capital de até 8 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 8 bilhões) em 2024, estimam analistas do Goldman Sachs.
No mínimo, o Credit Suisse corre o risco de sofrer um rombo de 4 bilhões de francos, dada a necessidade de reestruturar as operações do banco de investimento em um momento de geração de capital “mínima”, escreveram analistas liderados por Chris Hallam. Por isso, seria “prudente” que o banco levantasse capital.
“O Credit Suisse continua enfrentando desafios cíclicos e estruturais”, escreveram os analistas em nota, que mantêm a recomendação de venda para a ação do banco.
O CS estuda cortes de custos radicais no volátil banco de investimentos, como o a separação de grandes unidades e a divisão de seu grupo de produtos securitizados, em meio à tentativa do CEO Ulrich Koerner de pôr fim a anos de escândalos e perdas.
No entanto, com uma pergunta-chave - como pagar por isso - sem resposta aproximadamente duas semanas antes de apresentar o plano, a especulação sobre a saúde financeira do Credit Suisse faz com que as ações embarquem em uma montanha-russa.
Embora o aumento de capital seja uma opção em estudo, executivos do CS preferem não emitir ações com o preço próximo a mínimas históricas, segundo apurado anteriormente pela Bloomberg News.
O Credit Suisse tinha um índice de capital CET1 de 13,5% em 30 de junho, bem acima do mínimo regulatório internacional de 8% e da exigência de cerca de 10% na Suíça. Seu índice de cobertura de liquidez é um dos mais altos entre os rivais do setor bancário na Europa e EUA.
Os comentários do Goldman foram ecoados pela analista do Jefferies Flora Bocahut em nota nesta terça-feira (11). Para ela, o Credit Suisse precisa levantar cerca de 9 bilhões de francos suíços (cerca de US$ 9 bilhões) em capital nos próximos dois a três anos. Mas, devido à natureza diluidora de um aumento de capital, Bocahut acredita que o banco vai optar pela alienação de ativos.
A Bloomberg News informou na última sexta-feira (7) que interessados já fazem fila para comprar a unidade de produtos securitizados do Credit Suisse, um pilar fundamental na redução de suas operações no banco de investimento. O processo de venda, que está muito avançado, atraiu o interesse da Pimco, da Sixth Street e de um grupo de investidores, como a Centerbridge Partners.
O banco também estuda trazer um investidor externo para assumir uma participação parcial e injetar dinheiro em um spinoff de seus negócios de consultoria e banco de investimento, disseram pessoas a par do assunto.
O Credit Suisse trabalha ainda em possíveis vendas de ativos e negócios como parte do plano, que será apresentado em 27 de outubro, dia da divulgação do balanço.
Outras possíveis alienações incluem a venda de suas operações de gestão de patrimônio na América Latina, excluindo o Brasil, segundo pessoas com conhecimento do assunto. A região da América Latina responde por cerca de US$ 100 bilhões em ativos e empréstimos a clientes. Isso inclui os negócios no Brasil, onde também possui atividades significativas do banco de investimento.
O banco também pensa em vender seu renomado Savoy Hotel, de 200 anos, localizado no coração do distrito financeiro de Zurique. O edifício pode valer 400 milhões de francos suíços (US$ 401 milhões).
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