Bloomberg — Em um novo desdobramento no caso que tem assolado o mercado de criptomoedas, a exchange falida de Sam Bankman-Fried, a FTX, foi atingida por um misterioso resgate da ordem de US$ 662 milhões em tokens nas últimas 24 horas.
Os clientes, que ainda estão digerindo o pedido de recuperação judicial da plataforma feito na sexta-feira (11), foram confrontados com o que o conselheiro geral do braço americano da companhia, Ryne Miller, descreveu como “anormalidades nos movimentos de carteira”.
No Twitter (TWTR), Miller disse que a FTX está acelerando o processo de movimentação de ativos digitais para “cold wallets” – que não estão conectadas à Internet – “para mitigar os danos ao observar transações não autorizadas”.
A casa de análise blockchain Nansen, que deu a estimativa de US$ 662 milhões, disse que as moedas saíram tanto das exchanges internacionais da FTX quanto da americana. Já uma análise da Elliptic afirmou que os sinais iniciais mostraram que quase US$ 475 milhões foram roubados da exchange em transações ilícitas, com as stablecoins e outros tokens que foram levados sendo rapidamente convertidos em Ethereum (ETH) em exchanges descentralizadas – “uma técnica comum usada por hackers para evitar que sua movimentação seja apreendida”.
Paolo Ardoino, diretor de tecnologia da emissora de stablecoin Tether (USDT), fez referência a um tweet sugerindo que mais de US$ 30 milhões das participações do “invasor da FTX” no token foram colocadas na lista negra.
“Não está claro exatamente quem está fazendo as transações, mas você não esperaria ver esses negócios on-chain [na blockchain] neste momento”, disse Alex Svanevik, CEO da Nansen.
Os últimos desdobramentos são outro golpe para o setor de criptomoedas, que está se recuperando de uma derrota no acumulado do ano, bem como da implosão da exchange de Bankman-Fried e da casa de análise irmã Alameda Research. Se as saídas dos tokens forem um ataque hacker, elas aumentariam o que está se tornando um ano recorde para ataques à indústria de tokens digitais.
A principal carteira pertencente à FTX foi drenada de todo o seu saldo em FTT (a moeda nativa da exchange) durante o incidente, de acordo com Nansen. A empresa de análise disse ainda que as saídas gerais da FTX eventualmente cessaram.
O colapso da FTX encerrou o império de um dos magnatas mais ricos do universo cripto. A Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (a SEC) está investigando o quão intimamente entrelaçados seus negócios estavam e se a FTX administrou mal os fundos dos clientes.
No Twitter, diversos clientes lesados com a situação protestavam. Eles citaram um bate-papo do Telegram da comunidade alertando que a FTX havia sido comprometida e que algumas contas de clientes foram drenadas. As alegações não puderam ser verificadas imediatamente e várias ligações para funcionários da FTX fora do horário comercial dos EUA ficaram sem resposta.
-- Com a colaboração de Sidhartha Shukla e Emily Nicolle.
Veja mais em Bloomberg.com
Leia também:
‘Sem equilíbrio fiscal voltaremos a um mundo incerto’, alerta presidente do BC
FTX entra em recuperação judicial nos EUA e criptomoedas têm nova queda
©2022 Bloomberg L.P.
