Itaúsa reduz fatia na XP e ganha R$ 680 mi para reforçar balanço do 4º tri

Holding do Itaú Unibanco vendeu ações da plataforma de investimento; para Fitch, desinvestimento resultará em um risco mais equilibrado

Executivo disse em agosto que a venda de ações da XP poderia ser uma alternativa para reduzir o endividamento
10 de Novembro, 2022 | 02:22 PM

Bloomberg Línea — A Itaúsa (ITSA4), holding do Itaú Unibanco, cumpriu o prometido em agosto de reduzir sua fatia detida na XP (XP), e vendeu cerca de R$ 1,5 bilhão em papéis da plataforma de investimentos. Os recursos agora devem ser usados para reduzir dívida. A transação foi divulgada em fato relevante nesta quinta-feira (10).

“A alienação impactará positivamente os resultados da Itaúsa do quarto trimestre de 2022 em aproximadamente R$ 680 milhões, líquidos de impostos”, informou a Itaúsa.

Para a agência de classificação de risco Fitch, a estratégia da Itaúsa de desinvestir toda sua participação na XP resultará em “um mix de risco mais equilibrado no médio-longo prazo”.

A venda ocorre após a divulgação do resultado financeiro da XP na última terça-feira (8), quando as ações da plataforma subiram no mercado nova-iorquino, embora ainda acumule baixa da ordem de 30% no ano. A cotação mínima do papel em 52 semanas é de US$ 16,37, enquanto a máxima chegou a US$ 36,35 nesse período. Hoje a ação cai 0,18%, a US$ 19,68

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Em agosto, o CEO da Itaúsa, Alfredo Setubal, disse que a venda das ações detidas pela holding no capital da XP poderia ser um alternativa para diminuir o seu nível de endividamento. Na época, a Itaúsa detinha 10,3% de participação remanescente no grupo fundado por Guilherme Benchimol.

Foram vendidas 15,5 milhões de ações da XP (2,79% do capital), sendo 5,5 milhões para a própria XP em uma transação de “block-trade”. Com isso, a Itaúsa totaliza 41 milhões de ações da XP alienadas neste ano. Sobram 35,470 milhões de ações (6,39% do capital total e 2,27% do capital votante).

A venda não altera os termos e condições do acordo de acionistas da XP quanto ao direito de indicar membros ao conselho de administração e comitê de auditoria da plataforma de investimentos.

Em dezembro do ano passado, a Itaúsa fez operação semelhante, vendendo fatia de 1,39% da XP por R$ 1,2 bilhão e projetando ganho de R$ 900 milhões para aquele quarto trimestre.

Com fama de boa pagadora de dividendos, a Itaúsa sinalizou, em agosto, um aumento do “payout” (porcentual do lucro distribuído) para o patamar histórico (em torno de 40% e 50%). A holding já chegou a distribuir até 90%, mas essa fatia do lucro caiu para o mínimo de 25% devido à alta da taxa Selic e da inflação.

A holding programou divulgação do resultado do terceiro trimestre para esta sexta-feira (11) após o fechamento do mercado, enquanto o Itaú anuncia seu balanço na noite desta quinta-feira.

Avaliação de riscos

No último dia 4, a agência de classificação de risco Fitch analisou a situação dos ratings da Itaúsa, destacando a força de seu perfil de negócios, altamente ligado ao de sua principal investida, o Itaú Unibanco, responsável por aproximadamente 80% dos investimentos e 85% do resultado recorrente de equivalência patrimonial das investidas da Itaúsa no primeiro semestre deste ano.

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“O sólido perfil de crédito do Itaú Unibanco, particularmente em função de sua liderança no setor bancário privado nacional e de seu modelo de negócios altamente diversificado, adiciona importante elemento de estabilidade para o perfil de crédito da holding. No entanto, a alta exposição da Itaúsa ao setor financeiro doméstico significa que os ratings também são altamente influenciados pela avaliação da Fitch sobre o ambiente operacional bancário, já que um enfraquecimento das condições econômicas do país pode resultar em pressões adicionais sobre os perfis de crédito dos bancos brasileiros”, analisou a Fitch.

No fim de junho, a Itaúsa detinha um portfólio de ativos de R$ 72 bilhões de valor contábil, que, apesar de mais diversificado que o dos últimos anos, é altamente concentrado no Itaú Unibanco, instituição bancária privada líder do país, observou a Fitch.

“Em que pese tal concentração, a Fitch vê como positivo o reposicionamento estratégico da Itaúsa, o qual busca fortalecer seu perfil de negócios através de fontes alternativas de liquidez. A adição de investidas não ligadas ao setor financeiro nos últimos anos, juntamente à intenção estratégica de desinvestir toda a sua participação na plataforma de investimentos XP Inc. resultará em um mix de risco mais equilibrado no médio-longo prazo”, previu a agência de classificação de risco.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.