Itaú eleva lucro e rentabilidade no 3º tri, mas inadimplência com cartões pesa

Maior banco privado do país vende carteira de crédito por causa dos atrasos principalmente de pessoas físicas em pagar seus cartões de crédito

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Bloomberg Línea — Com aumento da margem financeira com clientes, impulsionada pela evolução positiva na carteira de crédito, principalmente o crescimento no crédito pessoal e em cartões de crédito, o Itaú Unibanco (ITUB4) lucrou R$ 8,1 bilhões no terceiro trimestre, alta de 19,2% em 12 meses. A cifra se refere ao resultado recorrente gerencial.

O maior banco privado do país também conseguiu a rentabilidade, mas a inadimplência principalmente de pessoas físicas com atrasos no pagamento das faturas pesou no resultado, divulgado na noite desta quinta-feira (10).

O índice de inadimplência acima de 90 dias (NPL 90) aumentou de 2,7% para 2,8% da carteira de crédito em três meses. A alta ocorreu nos segmentos de pessoas físicas e de micro, pequenas e médias empresas no Brasil e está relacionado, segundo o banco, à rolagem de créditos que se encontravam na faixa de atraso entre 15 e 90 dias no trimestre anterior e ao crescimento da carteira.

Já o aumento da despesa de PDD (provisão para devedores duvidosos) no trimestre ocorreu nos negócios de varejo no Brasil. Na América Latina, o aumento da despesa de PDDD no trimestre ocorreu devido ao incremento de provisões no Chile.

“Nos negócios de atacado no Brasil, a reversão de provisão ocorreu pela melhora de rating de alguns clientes do segmento”, informou o banco.

Venda de carteira

A exemplo de seu concorrente Bradesco (BBDC4), o Itaú também vendeu carteiras com atraso para contornar o impacto da inadimplência.

No terceiro trimestre, vendemos carteiras ativas sem retenção de riscos, para empresas não ligadas com valor de face de R$ 606 milhões. Dessa venda, R$ 437 milhões referem-se à carteira de pessoas físicas que estavam com atraso superior a 90 dias, dos quais R$ 269 milhões ainda se encontrariam ativos no final de setembro, não fosse a venda”, informou o banco, no balanço.

O saldo remanescente de R$ 169 milhões refere-se a carteiras ativas em dia e com atraso curto de pessoas jurídicas, e “não trouxeram impacto material nos indicadores de inadimplência”, segundo o banco.

Essa venda de carteiras ativas trouxe impacto positivo de R$ 53 milhões no custo do crédito, negativo de R$ 25 milhões no produto bancário e positivo de R$ 15 milhões no lucro líquido”, disse a instituição.

O cartão de crédito de pessoas físicas foi o principal vilão da inadimplência nas contas do Itaú.

“Houve um aumento de 4,8% da carteira de crédito renegociado, principalmente no cartão de crédito de pessoas físicas. A alta do custo de crédito no trimestre e na comparação dos primeiros nove meses com o mesmo período do ano anterior ocorreu principalmente em função da maior despesa de provisão para créditos de liquidação duvidosa nos negócios de varejo no Brasil, devido à maior originação em produtos de crédito ao consumo e sem garantias. Além disso, o grupo teve aumento de descontos concedidos”, explicou o banco.

Rentabilidade

O ROE (retorno sobre o patrimônio) do Itaú Unibanco anualizado do terceiro trimestre subiu de 20,8% para 21% em três meses. Há um ano, estava em 19,7%. Entre os grandes bancos do país, foi o terceiro melhor, atrás do BTG Pactual (22%) e Banco do Brasil (21,8%).

O custo de crédito aumento R$ 457 milhões em relação ao trimestre anterior. Já as receitas com as atividades de emissão de cartões tiveram alta de 8,7% em 12 meses, devido ao aumento do volume transacionado e mudança no mix de produtos com maior relevância em cartões de crédito.

Já as receitas de adquirência (maquininhas de cartão) aumentaram em 5,5% em três meses, em razão do maior faturamento de crédito e da altas das receitas com produto flex, segundo o Itaú.

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