Relatório da Defesa não aponta existência de fraude nas urnas, diz TSE

Moraes disse que ‘recebeu com satisfação’ o documento; o texto dos militares volta a levantar suspeitas contra as urnas, mas diz que auditorias já feitas são suficientes

Presidente do TSE, Alexandre de Moraes disse que "recebeu com satisfação" relatório da Defesa sobre urnas eletrônicas que não apontou nenhum indício de fraude
09 de Novembro, 2022 | 08:34 PM

Bloomberg Línea — O relatório do Ministério da Defesa sobre as urnas eletrônicas e o sistema de votação “não apontou a existência de nenhuma fraude ou inconsistência” nas eleições deste ano, disse nesta quarta-feira (9) o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, em nota.

“O TSE reafirma que as urnas eletrônicas são motivo de orgulho nacional, e as Eleições de 2022 comprovam a eficácia, a lisura e a total transparência da apuração e da totalização dos votos”, conclui o texto.

O documento produzido pelo Ministério da Defesa começou a ser elaborado ainda antes do primeiro turno. Foi divulgado agora porque, segundo a Defesa, era preciso esperar o resultado das eleições. O texto é assinado pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

O relatório conclui que, “quanto à fiscalização da totalização [de votos], foi constatada, por amostragem, a conformidade entre os boletins de de urna impressos e os dados disponibilizados pelo TSE”.

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A equipe de fiscalização faz algumas sugestões de melhora e reforça a tese de que as urnas não seriam confiáveis porque não são fiscalizáveis. Isso embora o próprio relatório da Defesa diga que o Teste de Integridade, feito pelo TSE todo ano eleitoral e acompanhado pelas Forças Armadas, “é uma ferramenta adequada para se verificar o correto funcionamento da urna eletrônica”.

Mesmo assim, o relatório da Defesa diz que “é preciso promover-se análise minuciosa dos códigos binários que efetivamente foram executados nas urnas eletrônicas, para superar as dificuldades e as lacunas da fiscalização e a carência de maior certeza quanto à eficácia do teste funcional”.

É uma tese que militares mais ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) vêm defendendo de que o sistema eleitoral não seria confiável. O primeiro signatário do documento é o coronel Marcelo Nogueira de Souza, que em julho disse no Senado que os militares não tinham informações que garantissem a segurança das urnas contra “ataques internos”. O próprio relatório agora refuta essa possibilidade.

O documento ainda faz algumas sugestões, como “ampliar a verificação do perímetro de segurança” e aumentar o “percentual de cédulas inseridas” no teste de integridade das urnas. A Defesa ainda reclama do tamanho do código-fonte das urnas (mais de 17 milhões de linhas) e que não foram disponibilizados os boletins de urna (BU) dos votos em trânsito - na verdade, esses BU são publicados na internet e podem ser acessados pelo site do TSE ou pelo aplicativo da Justiça Eleitoral.

Na nota divulgada na noite desta terça, o ministro Alexandre de Moraes disse que “as sugestões encaminhadas para aperfeiçoamento do sistema serão oportunamente analisadas”.

Lula no STF e no TSE

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) esteve no TSE na tarde desta terça e conversou com o ministro Alexandre. Na reunião, Lula disse que foi ao tribunal “para demonstrar o respeito às instituições”. Lula disse que “a Justiça Eleitoral é a guardiã da democracia” e que “a urna eletrônica é uma conquista do povo brasileiro”, segundo nota divulgada pelo TSE.

Lula disse ao presidente do TSE que visita da tarde desta terça foi para mostrar "respeito às instituições"

Já Alexandre de Moraes disse: “Depois de uma jornada longa, venceu a democracia. Nós somos a quarta democracia do mundo em número de eleitores. As eleições terminaram às 17h [de domingo, 30 de outubro], e às 19h58 anunciamos o vencedor. Em três horas, resolvemos de forma segura e transparente”.

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O presidente eleito também foi ao Supremo Tribunal Federal (STF) e conversou com todos os ministros da atual composição sobre seus planos para “unir o Brasil”.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.