Bloomberg Línea — A operadora de shoppings Iguatemi (IGTI11) divulgou receita dentro do esperado pelo mercado para o terceiro trimestre de 2022, conseguindo deixar o prejuízo para trás com a retomada do movimento de consumidores nos estabelecimentos no pós-covid. A empresa registrou lucro líquido de R$ 64,8 milhões, e receita líquida 38,2% maior do que a do mesmo período de 2019, subindo para R$ 256 milhões.
“Temos uma resiliência nas vendas. Nossos shoppings continuam performando muito acima de 2019 e mantendo números super estáveis ao longo deste ano. Nosso crescimento de vendas foi recorde quando comparamos com 2021 e 2019, quando incluímos os shoppings que vendemos naquele ano”, disse Cristina Betts, CEO da Iguatemi, em teleconferência.
As vendas nas mesmas lojas (SSS), cresceram 29,8% quando comparado ao mesmo período de 2019, com destaque nos segmentos de moda, calçados e artigos de couro, em alta de 44,3%, e crescimento de 31% em artigos diversos, saúde & beleza e joalherias.
A Iguatemi também afirma, em comunicado, que “o varejo continua demandando espaços de qualidade em ativos resilientes”, o que tem melhorado o indicador de ocupação da operadora desde a retomada dos shoppings.
“Apesar do impacto com as saídas mencionadas no segundo trimestre do Extra no Iguatemi São Carlos e da Etna no Iguatemi Esplanada, melhoramos nossa ocupação mantendo a rentabilidade”, diz a empresa. No terceiro trimestre de 2022, a Iguatemi atingiu 93,2% de taxa de ocupação média, reafirmando o guidance de 95% para dezembro deste ano. A Iguatemi tem participações em 14 shopping centers, dois outlets e três torres comerciais.
Em teleconferência, a CEO da companhia disse que, para o quarto trimestre, espera continuar a recuperar a ocupação de seus imóveis. “Acho que um pouco dessa morosidade é exatamente porque a gente briga para ter o lojista que faz sentido para o mix do shopping e, obviamente, no preço correto. Então estamos vendo o reflexo disso agora nos números da companhia, temos conseguido fazer esse tipo de recuperação e a venda, inclusive, também, porque, como falei, não adianta colocar o lojista que não faz sentido econômico do shopping, porque isso não ajuda a impulsionar ainda não só daquele lojista, mas dos demais”, disse Betts.
Para a executiva, a situação para 2022 é muito mais positiva do que em 2021 ou do que em 2020, quando ela afirma que “era preciso dar alguns benefícios” para os lojistas. “Ainda somos um pouco mais flexíveis, mas é muito mais específico do que antes. A vida segue normal. Em 2023, já vamos começar com uma taxa de ocupação mais alta do que nesse ano, o que nos dá a possibilidade de olhar com mais agressividade os contratos que podem vir pela frente”, afirmou.
A empresa ainda diz que irá repassar a inflação para os preços de condomínio e de estacionamentos no próximo ano.
Para a XP Investimentos, os resultados são sólidos, com bom desempenho para a receita de aluguel e estacionamentos, que teve alta de 43,2% em comparação ao mesmo trimestre de 2019, chegando a R$ 256 milhões. Em comunicado, a empresa afirma que está há mais de 12 meses com evolução no indicador para o segmento. Além disso, a Iguatemi divulgou que a inadimplência caiu para um valor negativo em relação ao terceiro trimestre de 2019, com o custo de ocupação registrado 0,3 ponto percentual mais alto do que o mesmo período.
“Além disso, o FFO [fluxo de caixa proveniente das operações] foi outro destaque em nossa visão, aumentando 60,4% no ano a ano, apesar das maiores despesas financeiras. Operacionalmente, as vendas mantiveram uma tendência positiva, aumentando 28,1% vs. 2019, e as vendas de outubro tiveram um forte desempenho, indicando uma perspectiva positiva para o quarto trimestre de 2022, em nossa visão”, escreveram os analistas da corretora em relatório. A XP indica a compra das ações da Iguatemi, com preço-alvo de R$ 28.
O Goldman Sachs (GS) define boa parte dos resultados da Iguatemi como dentro das estimativas do banco, colocando os ativos com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 28 — mesma avaliação da XP Investimentos. Os analistas do banco americano identificam como principais pontos para a visão positiva o fato de acreditarem que o mercado ainda não “reconheceu o valor integral do AAA/A da Iguatemi, com portfólio focado em shopping que é negociado a 9,2x EV/EBITDA 2023″.
Como pontos negativos, o Goldman cita a liquidez, a percepção em torno de governança e as fusões e aquisições da companhia, como a do shopping JK Iguatemi, que deve ser concluída até 30 de novembro.
A Genial Investimentos, no entanto, discorda, afirmando que os resultados vieram “pior do que o esperado”, por conta de um acordo judicial “que levou a uma despesa de R$ 20 milhões”. O lucro esperado pela corretora era de R$ 82 milhões, com FFO de R$ 108 milhões — números que frustraram os analistas. “Ressaltamos que, apesar de a dívida líquida ter apresentado uma queda para 1,8x EBITDA (vs 2,7x EBITDA no 2T22), parte desta queda será apagada pelo efetivo pagamento da aquisição da participação no JK Iguatemi”, dizem. A recomendação da corretora é para manter as ações, com preço-alvo de R$ 25.
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