Bloomberg — A onda republicana que deveria abalar a presidência de Joe Biden não chegou.
Durante semanas, candidatos do Partido Republicano eram apontados na liderança das intenções de voto para as eleições de meio de mandato na terça-feira, com eleitores insatisfeitos com o desempenho da economia, segundo pesquisas. Líderes do partido fizeram campanha encorajados, e o ex-presidente Donald Trump sinalizou abertamente um anúncio antecipado de uma corrida presidencial em 2024 na esperança de aproveitar o impulso.
Os republicanos de fato podem ganhar o controle Câmara dos Deputados, onde poderão bloquear a agenda legislativa de Biden e atormentar seu governo com investigações. Mas a maioria do Partido Republicano será estreita e, com tantas disputas ainda indefinidas, uma vitória democrata não pode ser descartada.
O Senado é um assunto diferente. O democrata John Fetterman ganhou um assento que pertencia ao partido rival na Pensilvânia, e os republicanos ainda não conseguiram levar nenhum dos democratas. Assentos de opositores que os republicanos esperavam ser vulneráveis, como o da democrata Maggie Hassan, de New Hampshire, foram mantidos.
Qualquer que seja o resultado, a extrema divisão do governo em Washington deve dificultar o avanço das agendas de ambos os partidos. Wall Street e investidores normalmente preferem o impasse legislativo a novas regulamentações e impostos.
“Não espere grandes coisas antes de 2025”, disse em entrevista o ex-deputado republicano da ala moderada Tom Davis, da Virgínia. “Só aprovar o orçamento sem um ‘shutdown’ e aumentar o teto da dívida já será difícil.”
Biden, apesar de seu baixo índice de aprovação e relativa ausência na campanha, provavelmente será capaz de reivindicar o melhor desempenho de meio de mandato para o partido de um presidente em exercício em 20 anos, desde que os republicanos de George W. Bush ganharam assentos na eleição após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001.
Festa adiada
Isso significa problemas para o líder do Partido Republicano na Câmara, Kevin McCarthy, cujos planos para uma comemoração da vitória na noite de terça-feira foram adiados por várias horas, com o controle ainda indeciso.
“Quando vocês acordarem amanhã, seremos a maioria, e Nancy Pelosi será a minoria”, disse McCarthy a um grupo cada vez menor de apoiadores que acenavam com cartazes e garrafas de cerveja vazias durante o breve discurso.
Nenhum republicano teve uma melhor noite do que o governador reeleito da Flórida, Ron DeSantis, que esmagou seu oponente democrata em quase 20 pontos percentuais, ajudou a conquistar três assentos dos democratas na Câmara em seu estado e até venceu o condado de Miami-Dade, por décadas um bastião democrata.
Mas eleitores de todo o país rejeitaram os esforços apoiados pelos republicanos para restringir os direitos ao aborto, o que destacou o descontentamento de moderados após a decisão da Suprema Corte que anulou a decisão judicial “Roe v. Wade”.
Enquanto isso, candidatos de destaque que Trump havia endossado perderam para os democratas em disputas importantes, inclusive para Fetterman, na Pensilvânia. A republicana Kari Lake, que se inspirou no estilo de Trump para atrair seu ávido apoio, estava atrás da democrata Katie Hobbs em mais de 160 mil votos na corrida para o governo do Arizona às 1:30 da quarta-feira, na hora local.
Democratas conseguiram tirar governadores republicanos em Maryland e Massachusetts e permaneceram no comando da Pensilvânia e Wisconsin – vitórias importantes para o partido antes das eleições presidenciais de 2024, que devem ser decididas em parte nos chamados estados de batalha.
‘Loucamente dividido’
Bill Daley, que foi chefe de gabinete de Barack Obama na Casa Branca em 2011, quando um impasse sobre o teto da dívida levou a um rebaixamento da dívida do governo dos EUA e a uma queda no mercado acionário, disse que a atmosfera política agora “está mais difícil. Está mais loucamente dividido.”
“Será necessário um esforço hercúleo para ver qualquer coisa significativa aprovada no Congresso que pareça estar se desenvolvendo”, disse Daley, agora vice-presidente do Wells Fargo & Co.
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