Bloomberg — Sam Bankman-Fried se destacou no mundo das criptomoedas como um prodígio, um jovem de 30 anos com um dom fora do comum para matemática que rapidamente construiu um império bilionário e conseguiu expandir seus negócios mesmo durante o forte sell-off dos mercados este ano.
É por isso que o colapso repentino de seu principal negócio – a exchange de criptomoedas FTX, que agora precisa de um resgate de sua principal rival, a Binance – deixou os investidores boquiabertos.
Se alguma coisa ficou clara após os outros grandes colapsos deste ano – incluindo os da stablecoin TerraUSD, do fundo Three Arrows Capital (3AC) e do credor cripto Celsius Network – é que os laços que unem o ecossistema de ativos digitais são ao mesmo tempo abrangentes e delicados.
Mas embora a FTX fizesse parte disso, parecia mais do que apenas uma exchange – era uma espécie de balcão único para promover criptomoedas, com seu apoio financeiro, capacidade de formação de mercado, poder de lobby em Washington e propensão a resgatar negócios em apuros em vários cantos do setor.
Esta semana, em apenas um dia, a fortuna de Bankman-Fried despencou de mais de US$ 15 bilhões para menos de US$ 1 bilhão, segundo dados da Bloomberg News.
A questão agora é: se o grande SBF – como é conhecido – pode perder tanto, tão rápido, o que isso diz de qualquer um em um setor que agora enfrenta uma liquidação prolongada que já eliminou US$ 2 trilhões de valor de mercado?
A apreensão sobre a FTX e o destino incerto de sua empresa irmã, a Alameda Research, tomou conta do setor já abalado na terça-feira (8). E o nervosismo se traduziu em perdas de mais de 15% para o Bitcoin (BTC) esta semana e quedas ainda maiores em outras partes do mercado de criptomoedas. A extensão dos declínios pode depender de quanto contágio, se houver, o colapso repentino da FTX terá no mercado.
A influência da FTX e de Bankman-Fried é sem dúvida ainda maior do que a da Three Arrows Capital, cujo colapso desencadeou uma onda de estragos em todo o setor apenas alguns meses atrás.
Por isso, a falta de detalhes sobre a possível aquisição da FTX pela Binance e a rapidez com que ela foi anunciada colocaram o mundo das criptomoedas em estresse. Alguns dos investidores da FTX descobriram o acordo no Twitter, segundo pessoas familiarizadas com o assunto. Esses investidores não têm certeza se receberão algum dinheiro caso o acordo com a Binance seja concluído.
A lista de perdedores no colapso inclui acionista da exchange de Bankman-Fried, avaliada em quase US$ 32 bilhões após um financiamento de janeiro. Há ainda nomes grandes como o Vision Fund do SoftBank, o Ontario Teachers’ Pension Plan, o fundo Temasek Holdings de Singapura, a Tiger Global Management e a Lightspeed Venture Partners.
Após a captação em janeiro, Bankman-Fried disse à Bloomberg News que os fundos provavelmente seriam usados para fusões e aquisições, com possíveis alvos que incluíam negócios de pagamentos, empresas centradas em NFTs e o metaverso.
-- Com a colaboração de Muyao Shen.
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