Carrefour Brasil perde com inflação e compra do grupo BIG, mas quer crescer

Companhia anunciou que quer criar um braço imobiliário visando ter “uma das maiores empresas de real estate focada em varejo da América Latina”

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Bloomberg Línea — O Carrefour Brasil (CRFB3) viu seu lucro cair no terceiro trimestre deste ano por conta da inflação e da aquisição do grupo BIG, concluída em junho. O valor foi de R$ 621 milhões no ano passado para R$ 256 milhões em 2022. A dívida, por sua vez, aumentou 82,2%, indo para R$ 13,158 milhões.

“Sobre o custo financeiro da subida da dívida, temos uma geração de caixa ótima”, disse David Murciano, CFO do Carrefour Brasil.

“Temos um plano de R$ 2 bilhões para Capex de integração do BIG para 2022 e 2023 e temos o perímetro histórico do Grupo Carrefour, com o Atacadão e o banco, que geram caixa. O perímetro tem que gerar caixa e reduzir a dívida do grupo. Fora do efeito dos juros, vamos ver um efeito positivo. Tem que começar a melhorar entre 2023 e 2024″, comentou, em entrevista com jornalistas nesta quarta-feira (9).

A empresa de atacado e varejo também registrou uma receita bruta 41,4% mais alta do que a do ano passado, de R$ 29,3 bilhões, e o EBITDA subiu em 14%, para R$ 1,7 bilhão. No trimestre, também foram convertidas novas lojas do BIG e do Atacadão, com 60% da meta de vendas por metro quadrado atingida e 50 lojas convertidas em 2022. “Essa foi uma etapa chave que passamos e isso nos dá um conforto para continuar a nossa conversão”, continuou Murciano.

Até 2026, o Carrefour quer ter 470 lojas cash & carry do Atacadão. Atualmente são 200. No atacado, a empresa viu um crescimento menos intenso nas vendas, o que, para Murciano, é “perfeitamente normal”. “Sempre falamos de um patamar de margem do Atacadão para 15%, e nesse trimestre voltamos para esse nível. No ano passado, tivemos a oportunidade de comprar porque o know-how dos times da parte de atacado é comprar no bom momento, e vender no bom momento”, disse.

“Quando a inflação está abaixando, em particular nas commodities, o que acontece é que os clientes do b2b aguardam, porque sabem que o preço dos produtos vai abaixar, e eles aguardam cada vez mais porque os preços estão em queda, o que impacta na margem. Mas isso faz parte do modelo do Atacadão e do atacarejo, em geral.”

Além do atacado, do varejo e do banco, o Carrefour Brasil anunciou que pretende criar um braço imobiliário para a companhia, visando criar “uma das maiores empresas de real estate focada em varejo da América Latina”, com os 450 ativos do grupo e um lucro previsto de R$ 1,5 bilhão por ano.

“Achamos que é uma maneira de criar e destravar muito valor que temos em ativos imobiliários. Estamos trabalhando há muito tempo nesse projeto”, disse Murciano. “O veículo que estamos criando para essa operação já vai incluir o BIG e o Atacadão, é global — vamos focar em todo o perímetro que temos em propriedade”, afirmou.

Para o quarto trimestre, Murciano está otimista. “Temos boas expectativas. Temos a Copa do Mundo, a Black Friday, temos muitos eventos, o que deve torná-lo muito bom. Temos muito o que fazer ainda sobre a integração do BIG, mas acreditamos que tudo vai bem. O mais complicado já passou e estamos dedicados com o negócio, para fazermos um bom quarto trimestre”, afirmou.

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