Pretende se casar? Ser solteiro está ficando (muito) mais caro

Adultos solteiros estão enfrentando uma carga financeira maior do que seus colegas casados, pois os custos para indivíduos vêm aumentando

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Bloomberg Opinion — Um determinado casal demorou 16 meses para quitar a dívida estudantil de um dos cônjuges. É um feito que seria impossível sendo solteiro. Não haveria tempo suficiente para trabalhar em período integral e em um bico, e cuidar das tediosas tarefas de lavanderia, cozinha, limpeza e vida adulta em geral sem certo apoio adicional.

Um casal que mora junto consegue dividir as tarefas domésticas e tirar folgas quando o outro precisa se sobrecarregar no trabalho. As contas são divididas e duas rendas permitem quitação de dívidas ao mesmo tempo em que se vive uma vida equilibrada.

Tudo isso representa o que muitas vezes é chamado de “privilégio de casal”. É um termo para a forma como os casais, especialmente os casados, tendem a se beneficiar de uma sociedade criada para casais. Essa vantagem só está crescendo, segundo um relatório do Wall Street Journal (baseado em dados do Federal Reserve de St. Louis) que constatou que o patrimônio líquido mediano dos casais de 25 a 34 anos de idade era quase nove vezes maior que o patrimônio líquido mediano de seus pares solteiros em 2019, em parte devido ao aumento dos preços de moradia.

Tentar comprar uma casa ou um carro com apenas um salário pode ser quase impossível, principalmente agora. Hotéis não cobram menos de uma pessoa em vez de duas pelo mesmo quarto. As tarefas domésticas não serão feitas a menos que você mesmo as faça ou pague para outra pessoa fazê-las. E cozinhar para uma pessoa pode ser frustrante.

Além disso, há a expectativa fundamentalmente injusta de que uma única pessoa tenha um horário mais flexível e possa pegar horas extras ou trabalhar em feriados porque não precisam levar em conta o horário de seus cônjuges (pressupondo que se trata de pessoas solteiras sem filhos).

Mesmo dentro da dinâmica familiar, uma pessoa solteira pode acabar rebaixada e tendo que fazer sempre o que for mais fácil para aqueles que são casados e com filhos. Isso sem falar no custo dos presentes de casamento e chá de bebê com os quais uma pessoa solteira precisa arcar sozinha.

Alguns destes exemplos do chamado “imposto do solteiro” podem parecer menos materiais porque são temporários e as pessoas solteiras podem acabar se casando. Mas esses casamentos estão ocorrendo cada vez mais tarde, atrasando assim os benefícios financeiros.

E fica pior à medida que envelhecemos. Nos Estados Unidos, por exemplo, americanos solteiros estão significativamente em desvantagem no que diz respeito à Previdência Social. Um viúvo recebe uma pensão. Cônjuges que não trabalham são elegíveis para receber subsídios, e os parceiros em um casamento onde ambos trabalharam podem receber um subsídio mais baixo nos primeiros anos e depois aumentá-lo ao atingir a idade de aposentadoria. Após a morte de uma pessoa solteira, os subsídios acabam.

De certa forma, parece que o sistema nem funciona para pessoas solteiras. Se você pesquisar “o que acontece com os benefícios da Previdência Social quando alguém morre” em um site de buscas, verá uma série de artigos sobre benefícios para o cônjuge viúvo. O site oficial da Administração da Previdência Social dos Estados Unidos nem menciona a palavra “solteiro”.

É claro que isso não significa que você deve se casar só pela segurança financeira. O privilégio de casal só é uma realidade se o casal casado acabar ficando junto. O divórcio pode ser fatal para a estabilidade financeira, principalmente se apenas um cônjuge trabalhar e puder arcar com os custos de pensão alimentícia, sustento para os filhos e duas residências. Isso sem falar no custo de advogados e da burocracia para se divorciar legalmente.

Ainda assim, o argumento “você pode se divorciar” não elimina as muitas formas financeiras que os solteiros são marginalizados em um mundo fundamentalmente estruturado com a suposição de que adultos se casam. E se você for casado, faça sua parte para não acabar impondo um ônus para seu colega solteiro. No mínimo, da próxima vez que você estiver em um restaurante, divida a conta em três, não dois.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.

Erin Lowry é colunista da Bloomberg Opinion e escreve sobre finanças pessoais. É autora da trilogia “Broke Millennial”.

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