Bloomberg Línea — O BTG Pactual (BPAC11) confirmou expectativas do mercado e apresentou, nesta terça-feira (8), uma série de indicadores recordes em seu balanço do terceiro trimestre, refletindo sua aposta na atração de clientes com grandes fortunas e de negócios promissores.
O banco de investimento manteve o ritmo de crescimento de dois dígitos em diversas linhas: o lucro líquido ajustado recorde de R$ 2,3 bilhões no terceiro trimestre cresceu 28% em 12 meses, enquanto as receitas totais subiram 24%, cravando o melhor desempenho da história do banco, de R$ 4,8 bilhões.
Este é o terceiro trimestre consecutivo em que o banco apresenta resultados recordes, destacou a instituição financeira, em nota. A rentabilidade no período ficou entre as maiores do sistema financeiro nacional: o retorno ajustado sobre o patrimônio (ROAE) foi 22,0%. O índice de Basileia ficou em 15,2%.
“Em um ano bastante volátil e desafiador, reportamos mais um resultado recorde de receitas e lucro líquido. Nossos negócios estão cada vez mais diversificados e recorrentes, com maior contribuição das franquias de clientes e crescente alavancagem operacional a cada trimestre”, disse Roberto Sallouti, CEO do BTG Pactual, em nota.
Investment Banking
O banco destacou que a área de Investment Banking manteve sua posição de liderança nos rankings da indústria, com recorde de receitas nas áreas de DCM e M&A, com contribuição total de R$ 525 milhões no terceiro trimestre, o melhor resultado do ano e o terceiro melhor da história.
Já a área de Corporate & SME Lending teve recorde de receita pelo 4º trimestre consecutivo, de R$ 937 milhões, aumento de 46% em relação a igual período do ano passado.
O portfólio de crédito somou R$ 129,8 bilhões no 3º trimestre, crescimento anual de 33%. Do total da carteira, R$ 21,1 bilhões correspondem a empréstimos para pequenas e médias empresas (PMEs), avanço de 48% em um ano, apontou a nota do BTG.
Asset Management
A área de Sales & Trading teve receita de R$ 1,4 bilhão, aumento em relação ao resultado do terceiro trimestre do ano passado, com forte contribuição das atividades de clientes, segundo o BTG.
“Em um ambiente de maior volatilidade de mercado, o banco manteve uma alocação de risco eficiente, com VaR médio de 0,38%, abaixo da média histórica”, enfatizou o banco.
A área de Asset Management reportou receita de R$ 407 milhões no 3º trimestre, crescimento de 40% em 12 meses. O total de ativos sob gestão e administração (AuM e AuA) cresceu 23% em um ano, atingindo R$ 665,5 bilhões. A captação líquida (NNM) foi de R$ 35,9 bilhões no trimestre.
A área de Wealth Management & Consumer Banking, por sua vez, registrou recorde de receitas pelo 15º trimestre consecutivo totalizando R$ 655 milhões, crescimento 60% em 12 meses. Os ativos sob gestão (WuM) somaram R$ 508,6 bilhões, avanço de 27% em relação ao 3T21. Já a captação líquida (NNM) no terceiro trimestre foi de R$ 27,0 bilhões, em linha com os trimestres anteriores.
No terceiro trimestre, o BTG Pactual captou R$ 62,9 bilhões no agregado de Net New Money (NNM), alcançando R$1,17 trilhão de recursos de clientes sob gestão e administração (AuM/WuM).
Análise
O analista do Bradesco BBI, Gustavo Schroden, manteve a recomendação de compra para os papéis do BTG após a divulgação do resultado. “Continuamos confiantes de que a diversificação de negócios deve proporcionar um desempenho mais resiliente em diferentes cenários”, apontou o especialista.
Ele destacou que o ROE (retorno sobre o patrimônio líquido) veio acima do guidance (projeção) de aproximadamente 20% para 2022.
“Destacamos que vendas e negociação ficaram bem acima do guidance de aproximadamente R$ 1 bilhão (mais ou menos 20%) por trimestre novamente, enquanto as demas linhas de negócios apresentaram expansão superior no trimestre”, observou Schroden.
Ele avaliou ainda que, apesar das condições macroeconômicas mais desafiadoras, o BTG Pactual conseguiu registrar uma receita significativa de banco de investimentos e um desempenho sólido de entrada líquida de recursos. “Esperamos uma reação positiva do mercado”, previu.
O Goldman Sachs também manteve recomendação de compra para os papéis do BTG, com preço-alvo de R$ 38. Relatório, assinado Tito Labarta, Tiago Binsfeld, Beatriz Abreu e Nicholas Walker, destacou que o lucro líquido recorrente (R$ 2,4 bilhões) ficou 8% acima da estimativa da instituição norte-americana e 6% do consenso da Bloomberg.
“Esperamos uma reação positiva ào mix de receita diversificado e aos ganhos com alavancagem operacional”, observou a equipe do Goldman Sachs.
Pós-eleição
Rafael Reis, analista do BB Investimentos, reafirmou recomendação de compra com preço-alvo de R$ 34 para o final de 2023. "
“Uma de nossas top picks para o ano de 2022, o BTG vem mostrando uma performance na bolsa condizente com sua entrega. Os papéis BPAC11 registram alta de quase 40% ante pouco mais de 10% do Ibovespa no período. Em nossa visão, o BTG tem tudo para continuar ganhando terreno dada a qualidade de execução de sua estratégia de crescimento diversificado e capitalizando sobre uma marca incrementalmente associada à excelência em seus nichos de atuação”, avaliou Reis.
Na sua análise, ele escreveu que, passado o imbróglio eleitoral, a tendência predominante passa a ser a de reaquecimento gradual do mercado de capitais brasileiro, e, portanto, a área de Investment Banking. “Esta é a única de performance aquém do potencial dada a aridez do mercado, que pode se juntar às demais no que, acreditamos, deva ser um 2023 de continuidade do bom momento”, considerou o especialista do BB Investimentos.
Já o analista da XP, Matheus Guimarães, considerou, em nota, que o resultado do BTG veio ligeiramente acima de suas estimativas em todas as linhas. “Isso se deve principalmente a receitas mais fortes em quase todas as frentes durante o trimestre”.
Ele fez uma ressalva sobre o longo prazo para o banco. “Embora esperemos uma reação positiva do mercado a partir desses resultados, mantemos nossa visão conservadora no caso de longo prazo, principalmente devido ao seu valuation apertado (14,5x P/E para 2023)”, escreveu.
(Atualiza às 10h54 com comentários de analistas)
Leia também
Além dos remédios: como a Raia Drogasil está se tornando uma empresa de mídia