Bradesco registra inadimplência em massa e precisa elevar provisões

CEO Octavio de Lazari diz que banco entrou “em momento de aumento de provisões” e que inadimplência cresceu para PFs, micro e pequenas empresas

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São Paulo — O Bradesco (BBDC4) admitiu que a inadimplência se disseminou, que foi obrigado a aumentar as provisões para cobrir eventuais perdas com devedores e indicou que o problema deve entrar o ano de 2023. Em seu balanço do 3º trimestre, divulgado nesta terça (8), um termômetro importante da saúde de uma instituição apontou uma leve queda: o IB (Índice de Basileia), que mede a solidez financeira dos bancos, caiu 0,1 ponto percentual em 12 meses.

O IB, conhecido também como índice de solvência ou solvabilidade, é um indicador da capacidade dos bancos, financeiras ou corretoras em honrar suas obrigações de pagamento. Quanto menor o IB, maior a exposição da instituição ao risco. Na comparação com o segundo trimestre deste ano, o índice de Basileia registrado entre julho e setembro subiu 0,3 ponto percentual.

O Bradesco teve um IB de 13,6% entre julho e setembro. O ROE (retorno sobre o patrimônio), que mede a rentabilidade de um banco, despencou de 18,6% para 13% em 12 meses. A título de comparação, hoje o BTG Pactual, que está menos exposto ao risco de inadimplência por não ser dependente do varejo e do cliente de menor renda, reportou um ROE de 22%, o mais alto da safra de resultados trimestrais dos grandes bancos, até o momento.

Os comentários do CEO do Bradesco, CEO Octavio de Lazari Junior, seguiram o tom de alarme, a exemplo do que fez na divulgação dos últimos trimestres. Em agosto, ele tinha dito que o banco cresceria menos, mas preservaria a rentabilidade.

“Entramos agora em um momento de aumento de provisões, tendência que deve se manter até parte de 2023. A inadimplência cresceu no segmento massificado, para pessoas físicas e micro e pequenas empresas”, disse o executivo, em nota.

Ele explicou que o cenário econômico, a inflação e os juros elevados afetaram a capacidade de pagamento dos clientes. O Bradesco tem renegociado carteiras de crédito nos últimos trimestres, mas não tem conseguido travar a trajetória de alta da inadimplência,

Para equilibrar o diagnóstico sobre o impacto negativo dos atrasos de seus correntistas, o CEO projetou, porém, que o comportamento da inadimplência já apresenta sinais de melhora.

“Todos os ajustes que efetuamos em 2022 nos permite projetar que a inadimplência deve se estabilizar e depois melhorar no decorrer de 2023. Temos convicção na nossa capacidade operacional de entregar um melhor nível de retorno. Vamos perseguir essa meta e continuar os ajustes necessários para retomar a trajetória de rentabilidade”, afirmou o executivo.

Lucro

O lucro líquido recorrente do Bradesco no 3º trimestre caiu no ritmo de dois dígitos, somando R$ 5,2 bilhões, uma redução de 22,8% em 12 meses.

O banco conseguiu aumentar sua carteira expandida de crédito para R$ 878,6 bilhões, aumento anual de 13,6%. A margem com clientes cresceu 24,7% em um ano, atingindo R$ 17,5 bilhões.

Devido à sua exposição ao cliente de menor renda, a queda do lucro do Bradesco já era esperada pelos analistas, que apontavam o banco de Osasco e o Santander Brasil (SANB11) como os principais do setor que apresentariam os resultados mais decepcionantes da temporada.

Primeiro a divulgar o balanço trimestral, ainda no mês passado, o Santander se tornou um banco menos rentável no período, também com o peso da inadimplência. O lucro da operação brasileira do gigante espanhol (R$ 3,1 bilhões) caiu 23% em três meses.

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