Banco Inter aposta em clubes de futebol para ampliar base de clientes

Companhia, que tem prejuízo de R$ 30 mi ao considerar os efeitos da deflação, diz que abriu mais contas globais e vê inadimplência estável

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São Paulo — O Banco Inter (INTR) aposta no futebol para aumentar sua base de clientes, no momento em que “o país do futebol” se prepara para uma Copa do Mundo, no fim deste mês. Ao apresentar, nesta terça-feira (8), seu balanço do terceiro trimestre, a instituição financeira, fundada em Belo Horizonte, Minas Gerais, informou ter fechado, no período, acordos com diversos clubes de futebol, visando ampliar o acesso a potenciais correntistas.

“Nosso foco não se limita a conquistar os torcedores, mas também as instituições, incluindo os próprios clubes, seus funcionários e jogadores”, disse o CEO do Inter, João Vitor Menin, em comunicado.

Entre julho e setembro, o grupo financeiro reportou um lucro líquido ajustado de R$ 23 milhões, o maior dos últimos quatro trimestres. Sem excluir os efeitos não decorrentes da deflação no terceiro trimestre, o banco teve um prejuízo de R$ 30 milhões, segundo o comunicado enviado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). As ações do banco, negociadas na Nasdaq, fecharam em queda de 1,09%, cotadas a US$ 2,73.

“Concluímos mais um excelente trimestre, o primeiro completo após a listagem na Nasdaq em junho. Nossa cultura de inovação foi fundamental para a entrega desse sólido desempenho e da contínua evolução da nossa proposta de valor, incluindo o lançamento da primeira plataforma ‘Invest Now, Pay Later’ do Brasil”, disse Menin.

Contas globais

O foco nos brasileiros que vivem fora do país e outros imigrantes também foi destaque. O Inter disse que as chamadas “global accounts” (contas globais, usadas principalmente para transferências de recursos para países de origem) já somam 501 mil, com um total de 606 mil transações processadas no trimestre.

Quanto à carteira de crédito, houve uma crescimento de 47% em 12 meses, alcançando a marca de R$ 22 bilhões. “Ao longo do trimestre, reprecificamos várias das nossas carteiras, incluindo cartões de crédito, PMEs, antecipação de recebíveis e agro, e continuamos avançando na reprecificação das carteiras mais longas, principalmente de consignado e imobiliário”, justificou o banco.

O Inter encerrou setembro adicionando 2,1 milhões de novos clientes durante o trimestre, atingindo um total de 22,8 milhões. “Este crescimento atesta a sólida qualidade de nossa plataforma e da nossa marca, o que permitiu reduzirmos o nosso CAC [custo para aquisição de cliente] para R$ 28, o nível mais baixo em mais de um ano”, destacou Menin.

Pix

Já o volume transacionado em cartões e via Pix atingiu o valor recorde de R$ 155 bilhões no trimestre, um crescimento anual de 69%. “Nossa participação de mercado em operações via Pix, uma das maiores do mercado, chegou a 8%”, informou a instituição.

A receita bruta teve crescimento anual de 84%, superando R$ 1,5 bilhões, enquanto a carteira de crédito bruta aumentou 47% em 12 meses, totalizando R$ 22 bilhões.

Quanto à inadimplência no período, o Inter colocou ênfase que o NPL (atrasos de mais de 90 dias) permaneceu estável no trimestre, com tendência positiva na qualidade do crédito em comparação ao trimestre anterior. “Esta melhora é consequência direta do foco no aprimoramento dos nossos modelos e equipes de crédito, que têm sido capazes de alavancar continuamente a enorme quantidade de dados coletados dos nossos clientes”, explicou.

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