Embraer recebe mais encomendas de jatos com demanda maior por mobilidade aérea

Carteira de pedidos firmes por aeronaves deve fechar ano em patamar anterior à pandemia, segundo analistas. Boeing e Airbus vêem maior demanda por aeronaves na América Latina

Embraer apresentou números fracos de entregas de jato no 3º trimestre, mas carteira de pedidos firmes segue crescendo, observou relatório do Itaú BBA
07 de Novembro, 2022 | 07:59 PM

São Paulo — A Embraer (EMBR3) deve fechar o ano de 2022 retornando ao patamar de entregas de aeronaves observado em 2019, antes da pandemia da Covid-19, iniciada em março de 2020. Essa expectativa do mercado se firmou após a companhia reportar o balanço de entregas no terceiro trimestre e reafirmar seu guidance (projeção) para o ano.

Entre julho e setembro, foram entregues 10 jatos no segmento comercial, abaixo dos 11 do segundo trimestre, mas acima dos nove do terceiro trimestre do ano passado. Já no segmento executivo, a Embraer entregou 23 jatos no terceiro trimestre, acima dos 21 registrados entre abril e junho e outros 21 em igual período do ano passado.

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“O desempenho total foi fraco, ofuscando as notícias de um robusto backlog [carteira de pedidos firmes]”, apontou relatório do Itaú BBA, assinado pelos analistas Daniel Gasparete, Gabriel Rezende e Luiz Capistrano.

O “backlock” da Embraer fechou o terceiro trimestre em US$ 17,8 bilhões, estável em relação ao segundo trimestre, mas acima dos US$ 16,8 bilhões de igual período do ano passado.

Ao reafirmar o guidance de entregas do ano, a Embraer considera o piso do intervalo, que implica um nível de entregas no quarto trimestre não visto desde 2019, destacou o Itaú BBA.

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Para cumprir o guidance, a Embraer precisa entregar entre 33 e 43 jatos comerciais no quarto trimestre, o que implica um crescimento entre 106% e 169% na comparação anual, e entre 45 e 48 jatos executivos no mesmo período (alta de 23% a 49% em 12 meses), segundo os analistas do Itaú BBA, que mantiveram recomendação de “outperform” (acima da média do mercado) para o papel da companhia com preço alvo de US$ 21 (ano de 2022).

Já os analistas Victor Mizusaki (Bradesco BBI) e Wellington Lourença (Ágora Investimentos) enxergam riscos ao cumprimento da projeção de entregas de jatos pela Embraer, embora também mantenham a recomendação de compra com preço-alvo de R$ 30.

“O quarto trimestre é sazonalmente mais forte e, no passado, a Embraer foi capaz de atingir essas entegas fortes. Entretanto, a interrupção da cadeia de fornecimento global é um desafio-chave para a Embraer atingir seu guidance”, apontou a dupla de analistas.

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A entrega de 10 aeronaves comerciais no 3º trimestre veio abaixo da estimativa de Mizusaki e Lourença (12 aviões), mas o total de jatos executivos entregueses vieram em linha com as estimativas de suas instituições.

A Embraer entregou 9 E175 para a Skywest e 1 E2-E195 para a Aircastle no 3º trimestre, quando recebeu novos pedidos firmes da Porter (20 E2-E195s) e da Salam Air (6 E2-E195s).

Com recomendação também de compra para as ações da Embraer, a Toro Investimentos incluiu o papel na sua carteira recomendada deste mês de novembro, apesar de um recente revés em um contrato.

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“A empresa apresentou uma reversão nesse trimestre, com a redução de 3 aeronaves no seu contrato com o governo. Apesar disso, a redução atinge um mínimo contratual, reduzindo risco operacional da companhia nos próximos trimestres. Com o firmamento de um novo contrato de 10 aeronaves com a NAC [Nordic Aviation Capital, de leasing de aeronaves regionais], acreditamos que a empresa possa apresentar um resultado positivo, com um forte carteira de backlog”, alertou a Toro, em nota.

Mais pedidos

Novas encomendas foram anunciadas nas últimas semanas. Em outubro, a Embraer informou que a TUI, um dos principais grupos de turismo do mundo, selecionou o Embraer E195-E2 para integrar a sua frota na Bélgica, marcando um passo importante na renovação da frota da companhia. A TUI receberá três jatos E195-E2 da AerCap (empresa de leasing de aviação) por meio de um contrato de leasing de longo prazo.

“O crescimento de pedidos dos modelos E2 é bastante positivo, pois reflete em uma expansão com enobrecimento do backlog da Embraer, que tende a ampliar as margens operacionais no longo prazo”, analisaram os analitas Alexandre Kogake e Pedro Pimenta, da Eleven Financial, que têm recomendação de compra para o papel com preço-alvo de R$ 22.

Boeing

A demanda crescente por aeronaves não se restringe ao segmento principal de atuação da Embraer. A renovação da frota é um componente fundamental da estratégia das fabricantes de aeronaves para descarbonizar o setor aeroespacial, pois as novas aeronaves proporcionam ganhos de eficiência, reduzindo o uso de combustível e as emissões de gases de efeito estufa.

Um estudo da Boeing - “2022 Commercial Market Outlook (CMO)” - prevê que a frota de aeronaves da América Latina quase dobrará nos próximos 20 anos, com o Brasil liderando essa demanda.

O país terá a maior parte da frota de aviação comercial da América Latina, segundo a Boeing. De acordo com a previsão da empresa para o mercado de aviação comercial, a frota da América Latina terá crescimento acima de 85% nos próximos 20 anos, com o Brasil responsável por 30% da demanda. Segundo a Boeing, a região da América Latina e Caribe vai precisar de 2.240 novas aeronaves até 2041.

Airbus

Já a Airbus, concorrente da Boeing, previu, em seu Global Market Forecast (GMF), uma demanda de 2.550 novas aeronaves na América Latina até 2041, das quais 1.400 serão novas aeronaves e 1.150 substituirão aeronaves com menor eficiência energética, melhorando significativamente o impacto ambiental da região.

Segundo o Airbus GMF, a frota que atende o Brasil (voando de e para o país) mais que dobrará nos próximos 20 anos, passando de mais de 520 aeronaves (523) para mais de 1.110 (1.119). A Airbus projeta que as viagens no Brasil aumentarão para 0,9 viagem per capita até 2041 – em comparação com apenas 0,4 viagem per capita feita em 2019 no país. O Brasil é o principal mercado de aviação comercial da Airbus na América Latina.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.