Bloomberg — Mais de 100 líderes mundiais já se encontram em Sharm el-Sheikh, no Egito, para a 27ª edição da cúpula anual da ONU sobre mudanças climáticas, a COP27, na tentativa de acelerar as batalhas para conter as emissões de gases do efeito estufa em todo o mundo.
O chanceler alemão Olaf Scholz, o presidente da França Emmanuel Macron e o primeiro-ministro britânico Rishi Sunak estão entre os nomes mais falados nestas primeiras horas de evento. O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente eleito do Brasil, Lula (PT), também são esperados para os próximos dias e devem roubar a cena.
Apesar de um aparente avanço inicial sobre as discussões em torno da compensação de países mais pobres pelo impacto das mudanças climáticas na agenda do evento pela primeira vez, os membros participantes estão agora direcionando duras críticas uns aos outros sobre questões que vão desde reparações climáticas até financiamento para mitigação e adaptação em países mais pobres.
O aumento dos preços da energia, acelerado pela guerra da Rússia na Ucrânia, levou governos a priorizarem a segurança dos abastecimentos em seus respectivos países em vez da transição para uma energia mais limpa.
As emissões globais precisam cair rapidamente antes de 2030, seguindo metas já estabelecidas - isso se o mundo tiver ainda alguma chance de manter o aquecimento global abaixo dos 2ºC. Mas, ao que tudo indica, as temperaturas atingirão novos recordes este ano. Em 2022, países desde o Paquistão até os EUA foram atingidos por desastres climáticos sem precedentes.
Por outro lado, os não comparecimentos mais notáveis são os do líder chinês Xi Jinping e o indiano Narendra Modi - ambos os países são responsáveis pelo maior volume de emissões de gases do mundo.
Segundo dia
O evento começou no domingo (6), e esta segunda-feira (7) foi marcada pelas falas de António Guterres, secretário-geral da ONU, que disse que estamos na “estrada para o inferno climático”. O ex-primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, também fez um discurso contundente, dizendo que “estamos falhando em nossos compromissos assumidos em Glasgow”, e assumindo que no ritmo atual as metas climáticas previamente estabelecidas não serão atingidas.
E por falar em Reino Unido, o primeiro-ministro do país, Rishi Sunak, disse que há planos de triplicar o valor do financiamento atual para £ 1,5 bilhão (US$ 1,7 bilhão) para os chamados “projetos de adaptação”, até 2025.
“Em vez de os países em desenvolvimento serem injustamente sobrecarregados com a dívida de carbono das nações mais ricas e, de alguma forma, esperar que abram mão de um caminho para o crescimento, estaremos ajudando esses países a construir suas trajetórias de forma mais rápida rumo a um crescimento mais limpo”, disse.
Sunak também destacou que a Grã-Bretanha já está cumprindo com seu compromisso monetário de 11,6 bilhões de libras e está investindo outros 65 milhões de libras em projetos de economia verde no Quênia, Egito e outras nações. Em seu discurso, ele disse que “a coisa certa é agir”.
Ainda sobre líderes europeus, o presidente francês Emmanuel Macron disse que deseja pressionar os países ricos não-europeus para que paguem sua parte para ajudar os países pobres na luta contra as mudanças climáticas.
“Estados Unidos e China devem responder a este desafio, já que os europeus são os únicos que pagam”, disse. Macron acredita que tanto a França quanto a Europa estão no caminho certo para a redução de emissões. Entretendo, os grandes países emergentes “têm que abandonar rapidamente” o carvão como fonte de energia.
“É necessário pressionar os países ricos não europeus”, reforçou.
Brasil na COP
Na última semana, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse à CNN Brasil que Lula, eleito no último dia 30, participará do evento a partir do próximo dia 14 de novembro. Lula deve ir acompanhado da deputada eleita Marina Silva (Rede) e da senadora Simone Tebet (MDB).
É esperado que o presidente eleito tenha reuniões bilaterais com temas relacionados a desigualdades sociais e ambientais, além de combate à fome. O presidente Jair Bolsonaro não confirmou presença no evento até o momento.
--Com informações adicionais de Melina Flynn, da Bloomberg Línea
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