Bloomberg Línea — A impressão da moeda local para cobrir despesas de emergência, dívida externa, perdas de economias nacionais e desinvestimento causou uma aceleração da inflação pelo mundo e na América Latina, segundo relatório da consultoria Focus Market, que destacou que, particularmente na Argentina, estima-se um Índice de Preços ao Consumidor crítico em cerca de 100%. “Os países latino-americanos apresentaram diversos dados interanuais, que vamos dividir em três grupos”, explicou a pesquisa.
No primeiro grupo estão Equador e Bolívia, com inflação inferior a 5% nos últimos doze meses, enquanto no segundo grupo, com inflação superior a 5%, estão Brasil, Chile, Colômbia, Peru, México, Uruguai e Paraguai.
Enquanto isso, o terceiro grupo é composto por casos mais complexos, como Venezuela e Argentina.
Quanto tempo levaria para que os países da região alcançassem o mesmo nível inflacionário da Argentina?
“Para se ter uma ideia da magnitude do problema inflacionário na Argentina, observamos que países como o Chile e a Colômbia, ao ritmo atual da inflação, atingiriam uma escalada de preços de 100% em cinco e seis anos, respectivamente”, calculou a consultoria. O Brasil demoraria oito anos para atingir o nível do país vizinho, atingindo-o em 2030.
Por sua vez, países como o Equador e a Bolívia levariam 19 e 43 anos respectivamente. “Esses números nos permitem ver que, embora existam países com um grave problema de preços, eles estão combatendo-o com medidas fiscais e monetárias”, disse ele.
Portanto, ele assegurou que “espera-se que nos próximos meses os cenários projetados apresentem melhorias significativas” para estes casos.
Inflação acumulada em 2022
De acordo com diferentes estudos do setor privado, a inflação deste ano terminará em torno de 100%, deixando um piso alto para 2023.
Segundo analistas, a Argentina está perto de dobrar o nível de preços em apenas um ano por motivos como inércia, emissão monetária, falta de um plano anti-inflacionário, fatores ligados à guerra na Ucrânia, entre outros.
Inflação na Argentina em dez anos
O Focus Market, em sua análise, exemplificou: “Outra maneira de olhar para o problema da inflação é partir de um cenário básico no qual assumimos que uma criança nascida na Argentina em 2012, e agora com dez anos de idade, acumulou 4.253,6% de inflação”.
“Se fizermos o mesmo exercício, mas para os outros países da América Latina, onde assumimos o valor da inflação anual para cada país, veremos que para atingir aproximadamente o mesmo valor de inflação, uma criança na Bolívia teria que viver 135 anos, no Equador 116 anos e no Paraguai 59 anos”.
“O que nos acontece em dez anos, em outros países leva até um século – assim podemos entender o que significa uma variação de preços como na Argentina”, advertiu o diretor da empresa de consultoria, Damián Di Pace.
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