Bloomberg Línea — Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, abriga nove dos 10 edifícios mais altos do Brasil, as torres gêmeas mais altas da América Latina e tem o projeto do prédio exclusivamente residencial mais alto do mundo, que deve chegar a 135 andares.
Exceção entre as cidades brasileiras em termos de altura média dos edifícios, um conjunto de fatores, desde o tamanho da cidade até o plano diretor, considerado moderno por especialistas consultados pela Bloomberg Línea, levaram o município a ganhar o apelido de “Dubai brasileira”.
São 24 arranhas-céus, ou prédios acima de 150 metros de altura, de acordo com o site The Skyscraper Center, feito pelo Conselho de Prédios Altos e Habitat Urbano.
O apelido, explica Antonio Macêdo Filho, professor do Inbec e ex-representante brasileiro do Conselho de Prédios Altos e Habitat Urbano, surgiu porque o maior prédio do mundo, o Burj Khalifa, fica em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
A construção, que tem escritórios, hotel e também é residencial, tem 828 metros de altura e 163 andares. Na cidade, há outros 28 prédios acima de 300 metros.
“Balneário Camboriú e Dubai têm algumas características em comum que levaram a isso, como espaço geográfico limitado e alta procura por imóveis”, aponta Macêdo.
No Brasil, a maior construção é da cidade catarinense. O One Tower tem 288 metros, seguido pela torre 1 do Yachthouse Residence Club, com 280,3 metros de altura e 80 andares. Até outubro de 2022, havia mais 12 torres em construção que devem entrar na categoria de arranha-céu.
Por que Balneário Camboriú começou a ter prédios altos?
A cidade foi fundada em 1964 ao se emancipar da vizinha Camboriú, e começou a ganhar os contornos do que é hoje na década de 1970, quando mais prédios passaram a surgir na avenida Atlântica, de frente ao mar, e na paralela, a avenida Brasil.
Impulsionada pelo turismo, o balneário cresceu e hoje abriga 145 mil moradores fixos. No entanto, na temporada de verão, a população chega a quadruplicar - somente em janeiro deste ano, recebeu mais de 450 mil visitantes, segundo dados da prefeitura.
Só que isso em uma das menores cidades em território do Brasil. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Balneário Camboriú, de 46,8 km², é o segundo menor município do estado de Santa Catarina, perdendo apenas para a também litorânea Bombinhas. Somente a região do Butantã, em São Paulo, com 56 km², é maior do que a cidade inteira.
Isso faz com que o metro quadrado do balneário se torne disputado, principalmente na alta temporada, elevando os preços. O Índice FipeZap mostrou que, em setembro, Balneário Camboriú seguia com o metro quadrado mais caro do Brasil na média de venda de imóveis residenciais, em uma pesquisa com 50 cidades brasileiras. O preço médio de venda é de R$ 10.741, ante R$ 8.214 da média nacional.
O preço elevado viabiliza construções mais caras. No caso das duas torres do Yachthouse, chegou a custar cerca de R$ 200 milhões - e as últimas unidades restantes têm um preço médio de R$ 8 milhões por apartamento.
Macêdo Filho destaca ainda que um dos pontos principais ainda é que determinadas regiões da cidade não têm limite de altura para os prédios.
“O plano diretor de Balneário Camboriú determina a taxa de ocupação e a quantidade de metros quadrados que podem ser construídos dentro do terreno, mas não limita o tamanho dos andares, contanto que fiquem dentro do cálculo de área construída permitida”.
É o caso do Triumph Tower, torre aprovada pela prefeitura de Balneário Camboriú em abril deste ano e que deve ter cerca de 500 metros de altura. Se concluído, será o segundo maior arranha-céu do mundo em número de pavimentos, além do mais alto da América Latina - abrigando 233 apartamentos. A previsão de conclusão é para 2026.
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