Bloomberg Opinion — Em dezembro do ano passado, zombamos da empresa que demitiu 900 funcionários através de uma chamada Zoom. Agora, a atitude parece até humana em comparação com informar aos funcionários sobre seu destino em uma mensagem que pode ter ido para a pasta de spam.
Elon Musk, como parte de seu esforço para tornar o Twitter (TWTR) uma empresa lucrativa (ou acabada), planeja demitir metade de seu pessoal em um e-mail em massa. Em um e-mail de alerta sobre as demissões, o Twitter disse a seus funcionários para ficarem atentos ao assunto “Your Role at Twitter” (“seu cargo no Twitter”, em português). A empresa sugeriu que os trabalhadores “verificassem seu e-mail, incluindo sua pasta de spam”.
Alguns funcionários nem precisavam ir tão longe, aparentemente. Eles foram informados quando seu login não foi autorizado.
Poderíamos até argumentar que esses funcionários já haviam recebido certo aviso prévio. Relatos de demissões em massa do Twitter, independentemente de quem era o dono da empresa, circulam há semanas. As aquisições de empresas de tecnologia e demissões em massa andam de mãos dadas. Faz parte do negócio.
Mas se você se preocupa com o Twitter como um serviço ou um investimento, então você tem que se preocupar com a forma como essas demissões estão sendo tratadas, principalmente no contexto mais amplo da gestão desajeitada de Musk, tendo assumido a empresa há apenas uma semana.
Depois de demitir o conselho e a alta administração, Musk vem expondo ideias aleatórias para ver se darão certo, incluindo seu infame plano de cobrar pelo selo de perfil verificado. Ele começou com um preço de US$ 20 por mês pelo recurso – que na verdade protege o Twitter, não os usuários – depois chegou a US$ 8 em negociações públicas por tweets com Stephen King, autor de A Dança da Morte. Então ele zombou dos usuários abastados que não queriam pagar por um recurso que não tem valor para eles. Estas não são as ações de alguém com um plano de negócios bem pensado.
O Washington Post relata que Musk está administrando o Twitter com a mesma habilidade que Donald Trump governava os Estados Unidos, deixando os funcionários em constante pavor e confusão sobre o futuro da empresa e tendo que “seguir os perfis dos novos líderes para obter atualizações essenciais ao seu trabalho”. Enquanto isso, Musk está ocupado fazendo ataques pessoais e disseminando desinformação para seus 113 milhões de seguidores no Twitter.
Cuidar da governança de uma empresa pode parecer lacração, mas não é legal quando uma empresa se junta ao grupo que fez péssimas demissões em massa e inclui o Better.com (que demitiu pessoas pelo Zoom), a Patch (teleconferência) e a RadioShack (e-mail).
Também é outra distração bastante cara para uma empresa não pode se dar ao luxo para isso: os funcionários da Califórnia já entraram com uma ação judicial coletiva acusando o Twitter de não dar aviso prévio suficiente aos trabalhadores demitidos.
Outros funcionários podem entrar com seus próprios processos individualmente. Perseguir funcionários qualificados, anunciantes e clientes que geram o conteúdo mais valioso do Twitter pode até ajudar a empresa a ter lucro, mas não é possível prever como isso vai acontecer.
Há também a questão do plano do Twitter para lançar o plano de verificação de perfis por US$ 8 mensais apenas um dia antes das eleições de meio de mandato dos EUA, além de metade dos funcionários terem sido demitidos e a outra metade ter ficado desmoralizada.
Segundo esse plano, teoricamente, eu poderia pagar os US$ 8 para obter o selo de verificado, declarar que sou um importante político e tentar manipular a corrida eleitoral. Será que ainda haverá algum moderador de conteúdo para me impedir? Acho que isso deve constar naquele e-mail.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião do conselho editorial ou da Bloomberg LP e de seus proprietários.
Mark Gongloff é editor da Bloomberg Opinion e redator da newsletter Opinion Today. Ex-editor-gerente da Fortune.com, ele liderou a cobertura de negócios e tecnologia do HuffPost e foi repórter e editor do Wall Street Journal.
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