Bloomberg — O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) quer escolher os nomes para compor seu ministério com calma, segundo aliados. Apesar da angústia do mercado financeiro para saber quem vai comandar a economia em seu governo, Lula está colocando tudo na balança.
Ele não quer errar e nem divulgar um nome de ministro que não resista a uma busca do Google. Além disso, Lula está consciente de que vai ter que ampliar seu governo dando maior espaço para o centro, o que significa fazer muita conversa e buscar conhecer nomes que ele não sabe ler tão bem quanto os do PT.
O maior símbolo dessa preocupação de Lula foi justamente ter escolhido seu vice Geraldo Alckmin para coordenar a transição e não um nome do PT.
Palestrinha
Enquanto avaliava de que maneira se pronunciar sobre a derrota para Lula e o fechamento de estradas em diversos estados por seus apoiadores, o presidente Jair Bolsonaro (PL) convidou os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para irem ao Palácio da Alvorada. Levou um não.
O traçado enviado ao palácio pelos ministros foi: se ele quiser falar, que venha até nós -- e depois de reconhecer o resultado das urnas. Foi o que acabou acontecendo.
Para aproveitar a viagem, Bolsonaro levou o ministro da Economia, Paulo Guedes, ao encontro no STF, para fazer um balanço das ações do governo na economia.
Quem culpar
Diversos aliados de Bolsonaro colocam na conta de Guedes a derrota para Lula. Para eles, as notícias que circularam pouco antes do segundo turno das eleições sobre a intenção do ministro de desindexar o salário mínimo num eventual segundo mandato machucaram a campanha pela reeleição do presidente.
Mas pessoas próximas ao ministro afirmam que é injusto fazer isso com Guedes. Bolsonaro, dizem, perdeu para ele próprio ao adotar um discurso agressivo e questionar o sistema eleitoral. Tudo isso abriu margem para episódios como o ocorrido na véspera da eleição, quando a deputada Carla Zambelli foi filmada perseguindo com um revólver em punho um eleitor de Lula. Isso, afirmam, machucou mais.
Comedido
A comemoração de Tarcísio de Freitas ao ser eleito governador de São Paulo acabou sendo comedida -- não quis ser deselegante com Bolsonaro. Mas a avaliação entre aliados de Tarcísio é que é preciso virar a página e buscar cooperação com o governo eleito.
O governador eleito de São Paulo, no exterior de férias, foi um dos nomes chamados para pedir a Bolsonaro que se pronunciasse para reconhecer o resultado da eleição e pedisse o fim dos bloqueios a estradas pelo país.
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