Empresas aéreas esperam alta de custo após reajuste de querosene

Querosene de aviação tem alta acumulada no ano de 58,8%, segundo a associação; QAV supera GLP e vira 3º produto de maior faturamento da estatal

Querosene da aviação em alta pressiona os custos das companhias aéreas, que repassam a alta para os preços das passagens
04 de Novembro, 2022 | 06:44 PM

São Paulo — As companhias aéreas iniciaram a primeira semana de novembro com uma alta dos custos para incluir na planilha. A Petrobras (PETR4, PETR3) reajustou em 7,27% o preço médio do querosene de aviação (QAV) em 14 refinarias do país, em comparação com o preço em vigor em 1º de outubro, informou a Abear (Associação Brasileira das Empresas Aéreas), nesta sexta-feira (4). O reajuste foi feito no primeiro dia do mês, segundo a nota.

Com o aumento, o QAV acumula aumento de 58,8% de 1º de janeiro a 1º de novembro, calculou a entidade, acrescentando que somente o QAV responde por cerca de 40% dos custos totais de uma companhia aérea.

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“O reajuste no preço do QAV mantém um cenário extremamente difícil para as empresas aéreas e é um tema de constante preocupação para nós e para todo o setor, pois representa quase metade dos custos da operação”, apontou o presidente da Abear, Eduardo Sanovicz, em nota.

Ele defende uma mudança na fórmula de cálculo dos ajustes no preço do insumo. “É urgente a revisão do modelo de precificação do QAV, pois 90% do combustível é produzido aqui, mas pagamos o preço de um produto importado”, argumentou.

O discurso do representante das companhias aéreas coincide com as expectativas de uma mudança na política de preços da estatal de capital misto, que protagonizou na primeira semana pós-eleição presidencial uma controvérsia sobre seu anúncio de distribuição de R$ 43,7 bilhões em dividendos, alvo de críticas do PT, partido do presidente eleito.

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Terceiro produto de maior receita

No terceiro trimestre, a Petrobras faturou R$ 8 bilhões com a venda de QAV, um aumento de 144,8% na comparação com a receita de igual período do ano passado. O dado consta do balanço divulgado na noite de ontem (3).

A título de comparação, os dois produtos de maior receita da companhia são diesel (R$ 61,3 bilhões) e gasolina (R$ 21,5 bilhões). O QAV superou, no último trimestre, o GLP (Gás Liquefeito de Petróleo), que rendeu menos, R$ 7,1 bilhões aos cofres da estatal. É agora o terceiro produto mais comercializado pela petroleira.

Em setembro, a Petrobras havia anunciado uma redução de 0,84% preços de venda de QAV para as distribuidoras, que entrou em vigor no dia 1º de outubro. Na época, a Abear descartava a possibilidade de corte nos preços das passagens aéreas devido à alta acumulada no preço do insumo.

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A estatal explica que, nos últimos 20 anos, os ajustes de preços de QAV são mensais e definidos por meio de fórmula contratual negociada com as distribuidoras.

Os preços de venda do QAV da Petrobras para as companhias distribuidoras buscam equilíbrio com o mercado internacional e acompanham as variações do valor do produto e da taxa de câmbio, para cima e para baixo, com reajustes aplicados em base mensal, mitigando a volatilidade diária das cotações internacionais e do câmbio”, justificou a companhia, em nota, na época.

A companhia comercializa o QAV produzido em suas refinarias ou importado apenas para as distribuidoras. As distribuidoras, por sua vez, transportam e comercializam o produto para as empresas aéreas e outros consumidores finais nos aeroportos, ou para os revendedores. Distribuidoras e revendedores são os responsáveis pelas instalações nos aeroportos e pelos serviços de abastecimento.

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Na B3, a ação da Gol (GOLL4) fechou em alta de 0,20%, cotada a R$ 9,95, enquanto a Azul (AZUL4) encerrou em baixa de 0,55%, negociada a R$ 16,14.

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Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.