Bloomberg — Em novembro passado, em Glasgow, as lideranças mundiais do clima travaram um debate acirrado sobre se o texto final do acordo da cúpula deveria incluir uma promessa de “eliminação gradual” ou “redução progressiva” do carvão.
Desde então, o termo mais apropriado provavelmente seria “escalada” do uso de carvão.
Mesmo com o planeta cada vez mais atingido por enchentes, secas e tempestades causadas pelas mudanças climáticas, o combustível fóssil que mais contribui para as emissões de gases de efeito estufa tem passado por um verdadeiro período de renascimento.
A geração global de energia a carvão pode atingir um recorde pelo segundo ano consecutivo e continua sendo a maior fonte de eletricidade do mundo.
O consumo do combustível fóssil acabou aumentando na Europa afim de suprir falhas na geração hidroelétrica e no abastecimento do gás que vem da Rússia, enquanto a China, maior produtor e consumidor de carvão, continua a extrair volumes recordes de suas minas para tentar se isolar da volatilidade dos mercados globais de energia.
Os preços do carvão exportado dispararam para níveis recordes e os contratos futuros sugerem que eles permanecerão em máximas históricas também ao longo dos próximos anos.
Embora os planos de gastos em novas minas e usinas de energia sejam uma fração do que eram no passado, o fato de que as empresas ainda estejam investindo em novos projetos é alarmante para os cientistas climáticos que dizem que o combustível precisa ser eliminado até 2040 para evitar que os piores efeitos das mudanças climáticas continuem provocando tragédias pelo mundo.
Enquanto políticos, autoridades, empresas e ativistas se reúnem no Egito para a COP27, que começa neste fim de semana, para consolidar o que foi tratado em cúpulas anteriores, a persistência do uso excessivo de carvão é uma prova do tamanho da montanha que o mundo ainda precisa escalar.
“Há a possibilidade no momento de o carvão estabelecer um novo recorde este ano, de o gás estabelecer um novo recorde e de as emissões do setor de energia estabelecerem um novo recorde”, disse Dave Jones, analista-chefe da Ember, em Londres.
“O setor de geração de energia é o mais importante para as reduções de emissões nesta década. Isso significa que o tema é muito mais do que um problema pontual. Este é um momento crucial e que os governos precisam realmente levar a sério”.
Do ponto de vista dos gigantes do carvão que se acostumaram a ser alvo de críticas dos ambientalistas, este ano não foi apenas lucrativo, mas também uma chance rara e bem-vinda de lembrar ao mundo o valor da energia barata e confiável que eles fornecem.
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