Contrariando metas climáticas, uso de energia a carvão pode atingir novo recorde

Preços do carvão exportado dispararam para níveis recordes e os contratos futuros sugerem que eles permanecerão em níveis máximos nos próximos anos

Consumo do combustível fóssil aumentou na Europa para suprir falhas na geração hidroelétrica e no abastecimento do gás que vem da Rússia
Por Dan Murtaugh e David Stringer
04 de Novembro, 2022 | 07:42 PM

Leia esta notícia em

Espanhol

Bloomberg — Em novembro passado, em Glasgow, as lideranças mundiais do clima travaram um debate acirrado sobre se o texto final do acordo da cúpula deveria incluir uma promessa de “eliminação gradual” ou “redução progressiva” do carvão.

Desde então, o termo mais apropriado provavelmente seria “escalada” do uso de carvão.

PUBLICIDADE

Mesmo com o planeta cada vez mais atingido por enchentes, secas e tempestades causadas pelas mudanças climáticas, o combustível fóssil que mais contribui para as emissões de gases de efeito estufa tem passado por um verdadeiro período de renascimento.

A geração global de energia a carvão pode atingir um recorde pelo segundo ano consecutivo e continua sendo a maior fonte de eletricidade do mundo.

O consumo do combustível fóssil acabou aumentando na Europa afim de suprir falhas na geração hidroelétrica e no abastecimento do gás que vem da Rússia, enquanto a China, maior produtor e consumidor de carvão, continua a extrair volumes recordes de suas minas para tentar se isolar da volatilidade dos mercados globais de energia.

PUBLICIDADE
Interrupções em usinas nucleares e hidrelétricas provocaram um renascimento no uso de carvão para geração de eletricidade após meses de declínio

Os preços do carvão exportado dispararam para níveis recordes e os contratos futuros sugerem que eles permanecerão em máximas históricas também ao longo dos próximos anos.

Embora os planos de gastos em novas minas e usinas de energia sejam uma fração do que eram no passado, o fato de que as empresas ainda estejam investindo em novos projetos é alarmante para os cientistas climáticos que dizem que o combustível precisa ser eliminado até 2040 para evitar que os piores efeitos das mudanças climáticas continuem provocando tragédias pelo mundo.

Enquanto políticos, autoridades, empresas e ativistas se reúnem no Egito para a COP27, que começa neste fim de semana, para consolidar o que foi tratado em cúpulas anteriores, a persistência do uso excessivo de carvão é uma prova do tamanho da montanha que o mundo ainda precisa escalar.

PUBLICIDADE

“Há a possibilidade no momento de o carvão estabelecer um novo recorde este ano, de o gás estabelecer um novo recorde e de as emissões do setor de energia estabelecerem um novo recorde”, disse Dave Jones, analista-chefe da Ember, em Londres.

“O setor de geração de energia é o mais importante para as reduções de emissões nesta década. Isso significa que o tema é muito mais do que um problema pontual. Este é um momento crucial e que os governos precisam realmente levar a sério”.

Do ponto de vista dos gigantes do carvão que se acostumaram a ser alvo de críticas dos ambientalistas, este ano não foi apenas lucrativo, mas também uma chance rara e bem-vinda de lembrar ao mundo o valor da energia barata e confiável que eles fornecem.

PUBLICIDADE

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Equipe do Twitter no Brasil tem computadores bloqueados em meio a demissões