Preços do bitcoin ainda podem cair mais, sugerem dados históricos

Criptomoedas foram duramente atingidas este ano em meio às altas de juros ao redor do mundo para conter uma inflação nas alturas

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Bloomberg — O bitcoin (BTC) perdeu mais da metade de seu valor de mercado este ano, e ainda assim a forte liquidação – que também tem afetado outros ativos de risco – pode não ter acabado.

É o que avalia a casa de análise de ativos digitais CryptoCompare, que aponta para uma série de indicadores e dados históricos, incluindo a queda em relação à sua cotação máxima (drawdown) em mercados de baixa anteriores, bem como sua volatilidade atual, como evidência de que os preços ainda não atingiram um piso.

Mercados anteriores de baixa, os chamados “bear markets”, que começaram em 2013 e 2017, “sugerem que ainda podemos experimentar uma queda adicional”, escreveram os analistas em relatório divulgado nesta quinta-feira (3).

Durante esses períodos, a maior criptomoeda do mundo por valor de mercado teve quedas de 83% e 87%, que duraram 364 e 406 sessões, respectivamente.

Desta vez, contudo, o bitcoin caiu 73% e estamos em 357 dias (até 31 de outubro), o que significa que a queda não foi tão “aguda” em termos de prazo e gravidade quanto os declínios anteriores. Isso deixa “espaço para 2022 se tornar o pior drawdown da história do bitcoin”, escreveu o time de análise.

Durante o último bear market, a volatilidade média anualizada do bitcoin foi de 79%, uma métrica que agora está em torno de 63%. “No contexto do mercado atual, acreditamos que é possível que um evento de alto estresse ocorra no sistema financeiro tradicional, o que causaria pressão de venda nas principais classes de ativos, levando a um aumento na volatilidade e a um potencial movimento para baixo nos preços”, disse a CryptoCompare.

Embora todos os tipos de ativos de risco tenham sido pressionados este ano à medida que os bancos centrais do mundo todo aumentam as taxas de juros para conter a inflação, as criptomoedas foram especialmente atingidas. Atualmente, o bitcoin está pairando em torno de US$ 20 mil, muito longe de seus patamares de 2021, de quase US$ 69 mil.

O Ethereum (ETH) e outras criptomoedas também sofreram. Nesse ambiente, os investidores de varejo têm sido mais reticentes em entrar no espaço cripto da mesma forma que foram nos dois primeiros anos de pandemia, enquanto traders têm tido mais dificuldade de participar em negociações que no passado trouxeram retornos muito melhores.

No entanto, a CryptoCompare aponta que os volumes não diminuíram tanto quanto no período que começou em 2017, quando caíram mais de 60% do pico ao vale. Em 2022, eles caíram 35% em relação ao topo do ano passado.

“Isso pode sugerir que os volumes se tornaram mais rígidos, apesar das desacelerações – ou então, que devemos ver novas quedas na atividade”, disse o relatório.

Os pesquisadores também observaram que o domínio de mercado do bitcoin foi usado no passado como um indicador para descobrir o estágio do ciclo de mercado. Em casos anteriores, os analistas consideraram que o domínio da moeda cairia durante um mercado em alta, à medida que projetos menores ganhassem atenção.

Durante um drawdown, no entanto, pensou-se que o oposto aconteceria, embora esse não tenha sido o caso desta vez. “É possível que ainda não estejamos nos estágios finais do mercado de baixa, sugerindo que projetos menores continuarão a perder valor e podem levar a um aumento no domínio do bitcoin no curto e médio prazo”, disse o relatório.

-- Com a colaboração de Eva Szalay

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