Por que a BlackRock defende maior poder de voto aos acionistas

Larry Fink afirmou que a tecnologia estimula a capacidade de clientes de gestoras de ativos expressarem suas opiniões

BlackRock
Por Silla Brush
03 de Novembro, 2022 | 01:56 PM

Bloomberg — O diretor-presidente da BlackRock, Larry Fink, disse que uma nova era de “democracia de acionistas” está a caminho, com pequenos e grandes investidores que começam a assumir o controle de seu poder de voto sobre a governança de empresas e posturas sociais.

Em carta a clientes e CEOs corporativos da BlackRock, Fink afirmou que a tecnologia estimula a capacidade de clientes de gestoras de ativos expressarem suas opiniões sobre questões nas reuniões das companhias, com o potencial de transformar fundamentalmente a governança corporativa.

“Minha esperança é que, no futuro, todos os investidores – incluindo investidores de varejo – tenham acesso à opção de voto, se quiserem”, disse Fink. “Esta revolução na democracia dos acionistas levará anos para ser totalmente concretizada, mas é uma revolução que, se executada corretamente, pode fortalecer os próprios fundamentos do capitalismo.”

A BlackRock e outras grandes gestoras de ativos, como Vanguard Group e State Street, enfrentam maior escrutínio de investidores e congressistas sobre sua influência desproporcional sobre empresas e seu apoio para investir com metas ambientais, sociais e de governança, ou ESG, na sigla em inglês. As três maiores gestoras de fundos de índice são as cinco principais investidoras em quase todas as empresas do S&P 500, o que lhes dá poder significativo nas assembleias de acionistas.

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A carta também trouxe novos detalhes sobre o programa de “opção de voto” da BlackRock lançado há um ano, que oferece a investidores institucionais – como pensões públicas e privadas - uma série de opções sobre como seus votos são concedidos. A empresa informou que US$ 1,8 trilhão em ativos de ações de índices para clientes institucionais são elegíveis para o programa, e clientes com US$ 452 bilhões haviam participado até o fim de setembro.

A Vanguard e a Charles Schwab também tomaram medidas para dar a seus clientes maior voz sobre assuntos de empresas nas quais investem. Cada uma anunciou seu próprio programa piloto sobre poder de voto no mês passado.

Autoridades republicanas nos EUA criticaram a BlackRock e a Fink por pressionar empresas a responderem às mudanças climáticas. Ao mesmo tempo, defensores do meio ambiente criticaram a gestora por fazer muito pouco. Autoridades estaduais republicanas já retiraram mais de US$ 1 bilhão dos fundos da BlackRock devido a questões relacionadas a ESG.

O grupo, que administrava US$ 7,96 trilhões em ativos de clientes no fim do terceiro trimestre, informou que expandiu o programa de votação para incluir mais sete opções oferecidas pela consultoria externa Glass Lewis. A BlackRock também disse que trabalha para estender o poder de voto a clientes em certos fundos mútuos no Reino Unido, bem como para investidores em algumas de suas estratégias sistemáticas de ações ativas.

“Todos os investidores devem ter o poder de escolher entre uma variedade de políticas de votação para refletir suas preferências”, disse Fink. Para o executivo, isso deve ser tão fácil quanto comprar um fundo mútuo ou de índice por meio de um celular atualmente. “Não há retorno. A próxima geração de investidores exigirá cada vez mais ser ouvida. A tecnologia tem potencial de transformar a governança corporativa de maneiras que não podemos imaginar completamente.”

Fink destacou que, embora a maior votação de clientes tenha potencial para conexões mais profundas entre acionistas e executivos corporativos, também apresentará desafios aos CEOs.

“Aqueles de nós que lideram empresas de capital aberto terão um conjunto mais amplo de acionistas com os quais se envolver”, disse Fink. “As empresas podem precisar desenvolver novos modelos de envolvimento com proprietários de ativos em suas questões de votação mais importantes. Isso pode levar tempo para evoluir.”

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