Mercados se firmam em queda por discurso do Fed e alta de juro no Reino Unido

Investidores ajustam as expectativas em relação ao juro norte-americano e os rendimentos das bônus dos EUA avançam

Estes são os eventos que orientam os investidores hoje
Por Bianca Ribeiro
03 de Novembro, 2022 | 09:30 AM

Barcelona, Espanha — (Esta é a versão atualizada de nota publicada originalmente às 6h46)

O discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, ressoa nos mercados globais, com a renda variável operando no vermelho tanto na Europa quanto entre os futuros de índices nos Estados Unidos. Os investidores, que davam como certo algum sinal de flexibilização, realinham as expectativas e ponderam se o juro norte-americano pode ficar ainda maior do que o previsto. O Banco da Inglaterra confirmou esta manhã as expectativas dos analistas e elevou a taxa de juros do país em mais 0,75 ponto percentual, para o maior nível em 33 anos (3% ao ano).

A trajetória é de queda para os principais ativos. Os futuros de índices norte-americanos caíam, assim como as bolsas europeias. No mercado asiático, o sinal negativo foi reforçado pelo aviso da China de que seguirá com a política restritiva de tolerância zero para a Covid. O bitcoin, que ainda subia, invertia o rumo.

No mercado de dívida, o que melhor reflete as expectativas em relação ao futuro da política monetária, o rendimento dos títulos de 10 anos do Reino Unidos também subia após a decisão do BoE, a 3,48%. Entre os títulos norte-americanos, o prêmio das notas de 10 anos continuava em alta, a 4,18% instantes atrás, assim como o vencimento em dois anos, a 4,71%.

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Entre as divisas, o dólar se apreciava e o euro recuava, assim como a libra. O contrato de WTI recuava mais de 1%, assim como o ouro.

→ O que move os mercados hoje

💷 BoE se preocupa. Ao contrário do Fed, o BoE deu sinais em seu comunicado de que está preocupado com o efeito recessivo do controle inflacionário. O banco inglês enfatizou comunicado que o pico da taxa será “mais baixo” do que o que está sendo precificado pelo mercado. Na visão do BoE, o aumento pesado de hoje “reduzirá os riscos de um aperto mais prolongado e custoso mais tarde”.

⚖️ Alta de juros x Recessão. Assim como no caso dos EUA, há consenso no mercado em torno de um aumento de 0,75 ponto porcentual para a taxa de juros inglesa. Ao mesmo tempo, o discurso do presidente do BoE Andrew Bailey será monitorado atentamente em busca de pistas sobre a estratégia para conter a inflação, tendo em vista as frágeis condições da economia inglesa.

💶 Aperto com recessão. Em seu primeiro discurso após a decisão do Fed, a presidente do Banco Central Europeu (BCE) Christine Lagarde reforçou a necessidade de aperto monetário para controlar a inflação. Ainda que haja a possibilidade de “recessão leve” na região, Lagarde não acredita que a inflação seria controlada expontaneamente.

😷 Covid Zero continua. A China reiterou seu compromisso com a política Covid Zero e encerrou um rali de alta no mercado asiático que movimentou US$ 450 bilhões desde o começo da semana. A valorização dos índices na região se ampararam em rumores não confirmados de que Pequim poderia começar a estudar uma estratégia para desembarcar das restrições.

🇺🇦 Mais ajuda à Ucrânia. No cenário geopolítico, hoje os ministros de relações exteriores do G7 se reúnem na Alemanha para discutir sobre as dificuldades da Ucrânia, que está com a infraestrutura energética e sanitária colapsada pelos ataques da Rússia. Os investidores monitoram ainda a retomada do escoamento de grãos ucranianos pelo Mar Negro

→ Leia também o Breakfast, a newsletter matinal da Bloomberg Línea: Terceiro turno fora das cartas?

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🟢 As bolsas ontem (2): Dow Jones Industrials (-1,55%), S&P 500 (-2,50%), Nasdaq Composite (-3,36%), Stoxx 600 (-0,29%), Ibovespa (bolsa fechada por feriado)

As bolsas norte-americanas tiveram um dia de alta volatilidade. Abriram em queda e assim ficaram até o começo da tarde, pouco antes da decisão do Fed sobre a taxa de juros. Deram um salto com o comunicado do banco central que sinalizou a possibilidade de mudanças na política monetária, mas entraram em forte queda com as declarações de Jerome Powell na sequência, que esfriaram as expectativas de uma flexibilização da política monetária.

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Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

Feriado: Japão

EUA: Índice de Atividade ISM/Out, PMI Composto e de Serviços/Out, Balança Comercial/Set, Encomendas à Indústria/Set, Pedidos de Bens Duráveis/Set, Pedidos Iniciais de Seguro Desemprego

Europa: Zona do Euro (Taxa de Desemprego/Set); Reino Unido (PMI Composto e de Serviços/Out); Itália (Taxa de Desemprego/Set) Espanha (Variação de Desemprego)

Ásia: Japão (PMI de Serviços/Out)

América Latina: Brasil (IPC-Fipe/Out, Fluxo Cambial Estrangeiro)

Bancos centrais: Decisão sobre juros do Banco da Inglaterra (BoE). Discursos de Christine Lagarde (BCE) e Joachim Nagel (Bundesbank)

Balanços: ConocoPhillips, Starbucks, PayPal, Petrobras, Cigna, BNP Paribas, ICE, BMW, Marriott, Moderna, Enel, Warner Bros Discovery, Expedia, BT

📌 Para amanhã:

• EUA: Indicador de Folha de Pagamentos Payroll, taxa de Desemprego; Zona do Euro (PPI/Set)

Balanços: Duke Energy, Telefónica, Société Genérale

(Com informações da Bloomberg News)

Bianca Ribeiro

Bianca Ribeiro

Jornalista especializada em economia e finanças, com passagem por redações e veículos focados em economia, como Valor Econômico, Agência Estado e Folha de S.Paulo.