Bloomberg — O prêmio de risco elevado nos ativos brasileiros ainda não é o suficiente para convencer a Ibiuna Investimentos, que gere mais de R$ 35 bilhões, a montar grandes posições nos mercados domésticos.
Apesar do estágio avançado do Brasil no ciclo de juros, da percepção de que o presidente-eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é pragmático e da composição majoritariamente de centro-direita do Congresso, a gestora aponta para fundamentos fiscais frágeis do país, em meio a um baixo crescimento potencial e endividamento elevado.
“Essa é reconhecidamente uma combinação vulnerável diante de um governo que foi eleito prometendo uma extensa agenda de gastos,” disse a Ibiuna, em carta a cotistas referente à estratégia macro. “Preferimos aguardar definições.”
O tamanho do “waiver” — a licença para o governo gastar acima do limite do teto de gastos em 2023 — e a incerteza sobre o novo regime fiscal que será adotado por Lula têm feito com que a gestora — que foi fundada em 2010 pelos ex-diretores do Banco Central Mario Torós e Rodrigo Azevedo — mantenha uma postura de “ver para crer”.
Em renda fixa, a Ibiuna tem pequenas posições táticas aplicadas em juros nominais e reais no Brasil. A gestora também está comprada em dólar e real e vendida em euro e iene. O fundo Ibiuna Hedge STH FIC subiu 1,97% em outubro, ante um ganho de 1,02% do CDI.
Definição fiscal
Já a gestora Adam Capital, criada por Márcio Appel, espera uma deterioração no cenário fiscal para 2023, em função da redução dos impostos sobre combustíveis e da manutenção do Auxílio Brasil em R$ 600.
“A definição de uma nova âncora fiscal será fundamental para a determinação da taxa de juros no longo prazo e, consequentemente, dos preços dos principais ativos brasileiros,” disse a gestora.
O fundo Adam Macro II FIC caiu 0,57% no mês passado, e manteve sua posição direcional comprada em bolsa brasileira. A Adam também está comprada em bolsa norte-americana e vendida em bolsa alemã.
A gestora carioca espera que os ativos domésticos apresentem uma boa performance após a eleição, diante dos incentivos para que o líder petista evite maiores ruídos na economia no início de seu mandato e sinalize algum tipo de âncora fiscal, além de uma boa equipe econômica.
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