Bloomberg — A Europa enfrentará uma escassez de gás natural em 2023 e pode ter dificuldades para obter metade da quantidade necessária para reabastecer seus armazenamentos, de acordo com um novo alerta da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês).
A lacuna de oferta do próximo ano pode chegar a 30 bilhões de metros cúbicos de gás se os fluxos de gasodutos russos pararem e a demanda da China se recuperar, disse a IEA em um relatório nesta quinta-feira (3). A agência também reiterou seu pedido de que medidas sejam tomadas para reduzir a demanda de gás, na tentativa de aliviar a crise energética.
A perspectiva amplia as preocupações da indústria de que o próximo inverno será ainda mais desafiador por causa do período de menor fornecimento do gás da Rússia, que já foi o maior fornecedor da Europa.
Até agora, importações recordes de gás natural liquefeito, a menor demanda e o clima de outono excepcionalmente ameno mantiveram os estoques cheios e reduziram os riscos de escassez neste inverno. Mas o que ajudou a Europa neste ano não está garantido para 2023, já que as entregas russas provavelmente serão muito menores e a concorrência da China pelo GNL disponível tende a ser maior.
“Estamos vendo que em diferentes partes da Europa há um risco de complacência no debate”, disse o diretor executivo da IEA, Fatih Birol. “A Europa precisa tomar medidas imediatas para evitar o risco de escassez de gás natural no próximo ano.”
Embora as entregas de gás russo sejam esperadas em cerca de 60 bilhões de metros cúbicos este ano, elas provavelmente cairão para menos da metade disso em 2023 ou podem parar completamente, disse a AIE.
A demanda de GNL na China, por outro lado, pode se recuperar para níveis próximos de 2021, à medida que a economia se recupera após os bloqueios relacionados à covid. Isso pode absorver mais de 85% do aumento esperado no fornecimento global de GNL no próximo ano e limitar o quanto está disponível para a Europa.
Desafios
O déficit significa que a Europa pode não ter quase metade do volume necessário para encher seus armazenamentos em 95% até o próximo inverno. As instalações de armazenamento só podem ficar 65% cheias, a menos que a lacuna no fornecimento seja reduzida, disse Birol.
A estimativa é que o consumo caia 11% neste inverno em relação à média de cinco anos, e a região termine esta temporada com 30% do armazenamento. Birol planeja realizar reuniões a partir de amanhã (4) com “vários governos da Europa” para tocar “o alarme para o próximo inverno”, disse ele.
A IEA planeja apresentar um roteiro sobre como reduzir o déficit de gás no próximo ano por meio de medidas políticas concretas, como investimentos acelerados em eficiência energética e energias renováveis, bem como a extensão de usinas nucleares em alguns países até a próxima primavera ou mesmo além disso, disse Birol.
--Com a ajuda de Elena Mazneva.
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