Como o lockdown da maior fábrica de iPhones na China afeta a Apple

Fábrica da Foxconn, fornecedora da Apple, foi colocada em quarentena forçada para conter a disseminação de casos de covid-19

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Bloomberg — Sem aviso prévio, a China colocou a maior fábrica de iPhones do mundo sob lockdown na quarta-feira (2) e isolou a área em torno do complexo da Foxconn Technology Group, em Zhengzhou, para combater um surto de covid-19. Essa é a última coisa de que a Apple (AAPL) precisava.

A medida repentina deve trazer ainda mais problemas a uma fábrica que já enfrenta protestos devido a um foco de coronavírus nas instalações, êxodo de trabalhadores e quarentena forçada. Autoridades locais disseram que esterilizarão o campus da Foxconn e áreas vizinhas nos próximos três dias e enviarão máscaras N95 aos trabalhadores, outro sinal de maior controle do governo.

O ocorrido serviu para lembrar a Apple sobre os perigos de depender de um amplo maquinário de produção centrado na China em um momento de lockdowns imprevisíveis e relações comerciais incertas. As ações da empresa caíram 3,7% na quarta, também afetadas pelos recentes comentários do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell.

“A fábrica de Zhengzhou desempenha um papel monumental no aumento da capacidade antes da temporada de festas”, disse Nicole Peng, analista da Canalys. “Alguns dos pedidos gerados em campanhas promocionais das festas podem não ser imediatamente entregues. A entrega de produtos em certos canais também tende a ser atrasada.”

Por enquanto, a fábrica da Foxconn continuará operando dentro de um “circuito fechado”, ou uma bolha independente que limita o contato com o mundo exterior, disse a empresa em comunicado. Isso deve garantir parte da produção. Mas a Foxconn não abordou questões sobre como enviará mercadorias para dentro e para fora do complexo durante o lockdown da área.

A política covid zero do presidente chinês, Xi Jinping, que se baseia em lockdowns rápidos para frear a doença onde quer que apareça, mostrou pouca consideração pela economia e causou desordem em segmentos da cadeia de suprimentos global. A política tem reduzido a produção de grandes companhias, entre elas Tesla (TSLA) e Toyota (TM), muitas vezes com pouco aviso. Mas a Apple é, de longe, a maior empresa a adotar a China como seu chão de fábrica.

Zhengzhou é o centro de produção mais crítico da Apple, sendo responsável por quatro de cada cinco aparelhos de última geração e pela grande maioria das unidades do iPhone 14 Pro, segundo o analista sênior da Counterpoint, Ivan Lam. A empresa de Cupertino, Califórnia, depende de seu smartphone para cerca da metade da receita, e o lockdown ocorre no meio da temporada de pico de produção antes das compras de Natal.

A produção do iPhone totaliza dezenas de milhões de aparelhos por mês durante o pico — centenas de milhares por dia —, e cada um precisa de uma infinidade de componentes, como chips, telas e caixas.

Uma forte razão pela qual fornecedores da Apple ainda não transferiram uma maior parte da produção do iPhone para fora da China tem a ver com a cadeia de suprimentos de componentes que a acompanha, com a fabricação de peças na maioria no mercado chinês, de acordo com Lam, da Counterpoint. Mesmo a Índia, que é o único país além da China com uma fábrica qualificada para produzir unidades do iPhone 14 Pro, recebe seus componentes principalmente do mercado chinês e apenas faz a montagem final e a embalagem.

A Apple não respondeu a um pedido de comentário.

Agora, muito depende do período do lockdown, que deve durar uma semana até 9 de novembro, mas autoridades de outras regiões da China chegaram a estender essas medidas por semanas e, às vezes, meses.

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