Para Powell, juro pode subir mais do que se pensava, mas ritmo pode diminuir

Decisão unânime do Fed elevou a meta para a taxa de juros dos fundos federais para um intervalo de 3,75% a 4%, seu nível mais alto desde 2008

Powell durante entrevista nesta quarta-feira (2), após aumento de juro dos Estados Unidos
Por Jonnelle Marte
02 de Novembro, 2022 | 04:28 PM

Bloomberg — O presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, disse que as taxas de juros podem atingir níveis mais altos do que se pensava anteriormente, embora as autoridades possam começar a diminuir o ritmo dos aumentos já na reunião de dezembro.

Powell, em entrevista nesta quarta-feira (2) após o Fed aumentar as taxas de juros em 75 pontos-base pela quarta vez consecutiva, disse que “os dados recebidos desde nossa última reunião sugerem que o nível final das taxas de juros será maior que o esperado anteriormente”.

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O FOMC (Comitê de Mercado Aberto) sinalizou que sua campanha agressiva para conter a inflação pode estar entrando na fase final.

Embora os integrantes do Fed tenham dito que “aumentos contínuos” provavelmente ainda serão necessários para trazer as taxas a um nível “suficientemente restritivo para retornar a inflação a 2% ao longo do tempo”, eles adicionaram uma nova afirmação à declaração após uma reunião de dois dias em Washington.

Powell disse que seria apropriado desacelerar o ritmo dos aumentos “em algum momento”.

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“Esse momento está chegando e pode chegar logo na próxima reunião ou na seguinte. Nenhuma decisão foi tomada”, disse ele, enfatizando que ainda tem algumas meios antes que as taxas sejam elevadas o suficiente.

O novo comentário do FOMC acontece em meio a leituras ainda fortes sobre inflação e empregos, mesmo com setores como habitação e indústria desacelerando substancialmente.

A decisão unânime do Fed elevou a meta para a taxa básica de juros dos fundos federais para um intervalo de 3,75% a 4%, seu nível mais alto desde 2008.

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Autoridades, lutando para conter a inflação perto da máxima em 40 anos, se reuniram dias antes das eleições parlamentares de meio de mandato dos Estados Unidos, nas quais a revolta sobre as pressões de preços é um tema dominante.

O resultado da votação de 8 de novembro pode custar aos democratas do presidente Joe Biden o controle do Congresso, e alguns legisladores proeminentes de seu partido começaram a pedir publicamente ao Fed que mostre moderação. Powell, por sua vez, tentou manter o banco central fora da briga política.

As autoridades, como esperado, disseram que continuarão a reduzir suas participações em títulos do Tesouro e títulos lastreados em hipotecas conforme planejado — um ritmo de cerca de US$ 1,1 trilhão por ano.

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Quanto mais altas as taxas, mais difícil se torna o trabalho do Fed. O banco tem sido criticado por não perceber a persistência do aumento da inflação, as autoridades sabem que a política monetária funciona com defasagem e que? quanto mais apertada, mais ela desacelera não apenas a inflação mas também o crescimento econômico e as contratações.

As previsões do Fed em setembro implicavam um movimento de 50 pontos-base em dezembro, segundo a mediana das projeções. Elas mostraram taxas que chegam a 4,4% neste ano e 4,6% no próximo, antes de cortes em 2024.

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