Bolsonaro se reúne com ministros do STF sobre resultado de eleição e protestos

Presidente foi até o Suprema a convite da ministra Rosa Weber e conversou sobre início de transição e protestos em rodovias

Bolsonaro se encontrou com 8 dos 11 ministros do STF na sede da corte maior de Justiça no fim da tarde desta terça-feira (1º)
01 de Novembro, 2022 | 08:49 PM

Bloomberg Línea — Depois de fazer seu primeiro discurso após a derrota nas eleições na tarde desta terça-feira (1º de novembro), o presidente Jair Bolsonaro (PL) se dirigiu até o Supremo Tribunal Federal.

Conversou e ouviu dos ministros sobre a importância do reconhecimento do resultado das urnas para a democracia e do início do processo de transição para o próximo governo.

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Em nota divulgada à imprensa na noite desta terça, a Presidência do STF disse que os ministros reiteraram, na conversa com Bolsonaro, a importância da “garantia do direito de ir e vir, em razão dos bloqueios nas rodovias brasileiras”, reiterando o conteúdo de outra nota divulgada mais cedo pela corte.

Desde que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) confirmou que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito presidente, seguidores do atual mandatário têm organizado protestos em diversos locais do país.

Pelo menos desde a madrugada de segunda-feira (31), bolsonaristas ocupam estradas em diferentes pontos do país. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), 400 rodovias chegaram a ser ocupadas pelos manifestantes em diferentes momento. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, autorizou as polícias militares dos estados a interromper as ocupações.

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Bolsonaro ficou dois dias sem se pronunciar sobre o resultado das urnas. Discursou no final da tarde de hoje e não reconheceu a derrota. Disse apenas que vai continuar “cumprindo todos os mandamentos da nossa Constituição”. Sobre os protestos de apoiadores, disse que eles eram “fruto de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”, sem dizer a que se referia.

O presidente também não falou sobre o processo de transição. Deixou a tarefa para o ministro da Casa Civil, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), a quem cabe, por lei, conduzir os contatos com a equipe do presidente eleito.

Logo depois do discurso de Bolsonaro, o Supremo Tribunal Federal divulgou nota para dizer que, com o pronunciamento de Ciro Nogueira sobre a transição, o presidente reconheceu “o resultado final das eleições”.

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Símbolos

Bolsonaro foi à sede do STF a convite da presidente do tribunal, ministra Rosa Weber. Estava acompanhado do ministro da Economia, Paulo Guedes.

No início da tarde, o presidente havia convidado os ministros do Supremo para irem até o Palácio da Alvorada para uma reunião, mas todos os ministros responderam que só falariam com ele depois que ele reconhecesse o resultado das urnas.

Depois de seu discurso desta terça, em que não reconheceu a derrota nem parabenizou o vencedor, o presidente decidiu ir até o tribunal.

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Segundo especialistas, o simbolismo é importante: ao recusar o convite para ir até Bolsonaro e fazer com que o presidente se deslocasse até o tribunal, Rosa Weber deixou clara a mensagem de que é o atual mandatário quem deve respeitar o Judiciário, e não o contrário. Em quatro anos, o presidente entrou em confronto com o STF ou seus ministros de forma constante por discordância de decisões.

Participaram da reunião desta terça, além de Bolsonaro, Guedes e da ministra Rosa Weber, os ministros do Supremo Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Luiz Edson Fachin, André Mendonça e Kassio Nunes Marques.

Os ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski não participaram porque estão em São Paulo. A ministra Cármen Lúcia precisou sair do tribunal logo depois do pronunciamento de Bolsonaro e o ministro Luís Roberto Barroso ficou apenas no começo do encontro e saiu para pegar um voo.

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.