Manifestantes fazem bloqueios em 25 estados; entidades falam em desabastecimento

Ministro Alexandre de Moraes determina que a Polícia Rodoviária Federal faça o desbloqueio; Confederação Nacional dos Transportes aponta prejuízos

Caminhoneiros voltam a interromper o tráfego em rodovias, desta vez contra o resultado das eleições presidenciais
01 de Novembro, 2022 | 08:41 AM

Bloomberg Línea — Um dia depois do segundo turno em que mais de 124 milhões de brasileiros foram às urnas e decidiram, em sua maioria, eleger Luiz Inácio Lula da Silva como o novo presidente do Brasil, manifestantes interromperam nesta noite de segunda-feira (31) a circulação de carros, ônibus e caminhões em ao menos 25 estados, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) à Agência Brasil.

Nas redes sociais e em grupos de WhatsApp há relatos e vídeos de pessoas que tiveram que descer dos carros para tentar chegar à pé ao aeroporto internacional de Guarulhos, uma vez que a rodovia Hélio Smidt, que faz a ligação das rodovias Ayrton Senna e Dutra até os terminais, foi bloqueada.

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Segundo a concessionária que administra o aeroporto, a GRU Airport, 25 voos já foram cancelados entre segunda e terça-feira (1º de novembro) em razão dos bloqueios, que impedem a chegada de tripulantes de companhias aéreas e de funcionários dos terminais, em informações ao site G1.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou na noite desta segunda a imediata desobstrução de rodovias e vias públicas que estejam com o trânsito interrompido de forma ilegal. O STF formou maioria a favor da decisão do ministros.

Moraes também determinou, em razão de alegada “omissão e inércia”, que a Polícia Rodoviária Federal adote imediatamente todas as providências para o desbloqueio sob pena de multa de R$ 100 mil em caráter pessoal ao diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, a contar de meia-noite de 1º de novembro.

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O ministro do STF também determinou a possibilidade de afastamento de Vasques de suas funções e até prisão em flagrante por crime de desobediência caso seja necessário.

Moraes estipulou ainda multa de R$ 100 mil por hora para donos de caminhões que estejam sendo usados em bloqueios, obstruções ou interrupções.

O ministro do STF atendeu um pedido da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), que apontou prejuízos com paralisações em diversas rodovias do país, em ao menos 10 estados.

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O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, informou que determinou o reforço do efetivo de policiais federais para normalizar o trânsito nas rodovias.

O número de bloqueios e aglomerações na beira de estradas chegou a 321 no fim da noite, segundo informações da Polícia Federal Rodoviária passadas ao jornal Folha de S. Paulo.

Os manifestantes, que são identificados como apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, protestam contra o resultado das eleições e fecham as estradas usando com os próprios veículos como bloqueio ou ateando fogo em pneus e outros materiais inflamáveis.

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No meio da tarde desta segunda, um grupo tentou interromper o tráfego da Ponte Rio-Niterói, mas foi logo contido pela Polícia Militar (PM) do estado do Rio de Janeiro, que liberou o trânsito.

Segundo balanço parcial da PRF divulgado no início da noite, o estado de Santa Catarina registrou 42 bloqueios, Mato Grosso do Sul teve 32 interdições, e o Paraná, 18 interdições e 6 bloqueios. No estado do Rio de Janeiro, houve nove interdições, e em São Paulo, sete bloqueios.

De acordo com a PRF, 75 manifestações haviam sido desfeitas até o começo da noite.

Na Rodoviária do Rio de Janeiro, houve uma queda de 80% no movimento de embarques rumo a São Paulo, que em dias normais é de cerca de 2,5 mil pessoas, segunda uma porta-voz à Agência Brasil. As empresas que fazem a rota decidiram suspender as viagens e estão remarcando sem custo os bilhetes.

- Atualiza com informações sobre o STF no quarto parágrafo.

- Com Agência Brasil.

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