Bloomberg Línea — O presidente Jair Bolsonaro disse que continuará cumprindo “todos os mandamentos da nossa Constituição”, no primeiro pronunciamento pós-eleições na tarde desta terça-feira (1). Ele agradeceu aos 58 milhões de eleitores que votaram nele e pediu por manifestações “pacíficas”, que classificou como movimentos populares guiados por “um sentimento de injustiça” sobre o processo eleitoral. Ele criticou a “destruição de patrimônio e o cerceamento do direito de ir e vir”.
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O discurso de pouco mais de 2 minutos, em que não mencionou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi seguido por um pronunciamento do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que declarou que o governo iniciará o processo de transição na quinta-feira (3), após conversas com a presidente do PT, Gleisi Hoffman.
As declarações de ambos foram feitas nesta tarde no Palácio da Alvorada, em Brasília. Bolsonaro estava cercado de vários de seus ministros e do filho Eduardo.
Na bolsa brasileira, o Ibovespa perdeu parte dos ganhos que passou a acumular no começo da tarde quando o governo anunciou que Bolsonaro faria um pronunciamento. Chegou a subir perto de 1,50% por volta das 16h35, antes de o presidente começar a falar, mas cedeu e fechou em alta de 0,77%.
O presidente levou cerca de 45 horas para declarar seu posicionamento após a oficialização dos resultados na noite de domingo (30).
Mais cedo nesta terça-feira (1º), Bolsonaro convocou alguns de seus principais ministros, como Paulo Guedes (Economia) e Nogueira, e havia convidado todos os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) para uma conversa. Os integrantes da corte, no entanto, negaram o convite e disseram que só iriam até o Palácio do Planalto depois que o presidente reconhecesse a derrota.
Depois do discurso, foi até o Supremo a convite da presidente da corte, ministra Rosa Weber, onde ouviu falas dos ministros sobre a importância de aceitar o resultado das eleições.
A declaração do presidente sobre os protestos acontece em meio a centenas de bloqueios de rodovias realizados por grupos de manifestantes que não aceitam a derrota para Lula. Empresas e entidades de setores como logística, agronegócio, indústria e supermercados alertam para prejuízos à população e para o risco de desabastecimento.
Tais entidades representativas se manifestaram publicamente contra os atos promovidos por apoiadores de Bolsonaro, incluindo os do agronegócio, um dos que mais apoiam o presidente.
No mercado financeiro, investidores e analistas aguardavam o pronunciamento de Bolsonaro para avaliar o grau de incertezas sobre a transição para o governo eleito de Lula e do PT.
Manifestantes começaram a interromper a circulação de carros, ônibus e caminhões na noite de domingo para segunda e, ontem (31), os bloqueios aconteciam em ao menos 25 estados, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Os bloqueios continuaram ao longo desta terça. Alguns pontos interditados foram desbloqueados por agentes e policiais militares após decisão do STF.
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