Bolsa desacelera, mas mantém alta após pronunciamento de Bolsonaro

Dólar acelerou queda após o primeiro discurso do presidente após as eleições de domingo, enquanto manifestações seguem pelo país

Dólar desacelerou queda após pronunciamento
01 de Novembro, 2022 | 03:37 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) desacelerou ganhos após o primeiro pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro depois da derrota nas eleições - mas sem perder o viés de alta perto de 1%. O dólar reduziu a queda após o discurso.

Bolsonaro disse que continuará cumprindo “todos os mandamentos da nossa Constituição” nesta terça-feira (1). Ele agradeceu aos 58 milhões de eleitores que votaram nele e pediu por manifestações “pacíficas”, que chamou de movimentos populares guiados por “um sentimento de injustiça” por como se deu o processo eleitoral, mas criticou a “destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”.

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A curta fala, em que não mencionou a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi seguida por um pronunciamento do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, que declarou que o governo iniciará o processo de transição na quinta-feira (3), após conversas com a presidente do PT, Gleisi Hoffman. As falas foram feitas nesta tarde, em pronunciamento no Palácio da Alvorada, em Brasília.

Os mercados acompanham as manifestações que atingiam ao menos 25 estados, segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF) à Agência Brasil. O governo do estado de São Paulo anunciou perto das 17h (horário de Brasília) que 60 rodovias haviam sido totalmente liberadas e que 127 estavam parcialmente liberadas.

Amanhã (2), a bolsa brasileira estará fechada para o feriado de Finados.

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Ainda na cena doméstica, o Banco Central divulgou a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na qual manteve a Selic inalterada em 13,75% ao ano. O documento reitera a mensagem divulgada após a decisão, de uma manutenção dos juros no atual patamar por um período mais prolongado.

O principal índice da bolsa de São Paulo descola do cenário externo, que tem bolsas caindo nos Estados Unidos, à espera da decisão de juros amanhã. Os mercados de swap estão precificando um aumento de 75 pontos base em meio à campanha de aperto mais agressiva do Fed em quatro décadas.

Ainda assim, estrategistas como Marko Kolanovic, do JPMorgan (JPM) acreditam que a alta agressiva do Fed está chegando ao fim, oferecendo a perspectiva de alívio para os mercados. Os EUA provavelmente aumentarão as taxas em 50 pontos base em dezembro e pausarão após mais uma alta de 25 pontos base no primeiro trimestre, disse à Bloomberg News.

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Confira o desempenho dos mercados nesta terça-feira (1):

  • Por volta das 17h15 (horário de Brasília), o Ibovespa avançava 0,79%, aos 116.928 pontos;
  • O dólar à vista recuava 1,03%, a R$ 5,12;
  • Nos EUA, o Dow Jones caía 0,26%, o S&P 500, 0,33%, e o Nasdaq, 0,62%;

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.