Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) tem um dia de forte volatilidade nesta segunda-feira (31), no primeiro pregão depois da vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na corrida eleitoral.
O índice avançava 0,37% perto das 15h (horário de Brasília), negociado na casa dos 114,9 mil pontos. O dólar, que chegou a subir mais cedo, operava em queda de 2,4%, a R$ 5,17.
Em disputa apertada, Lula foi eleito com mais de 60,3 milhões de votos, ou 50,9% dos votos válidos, derrotando o presidente Jair Bolsonaro (PL), que recebeu cerca de 58,2 milhões de votos, ou 49,1% dos votos válidos.
Após caírem 8%% na B3 no início do pregão, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) amenizaram as perdas para perto de 3%. O mesmo aconteceu com as ações de Banco do Brasil (BBAS3). Mas, por volta das 15h, as ações preferenciais da estatal estavam novamente com perdas acima de 8%.
Mais cedo, no mercado americano, o ETF iShares MSCI Brazil (EWZ), principal fundo de índice negociado em Nova York que acompanha os ativos brasileiros, chegou a cair mais de 5%, enquanto os recibos de ações (ADRs) da Petrobras caíram mais de 10%. Às 14h, o EWZ tinha alta de 2,8%.
Em relatório, Fernando Ferreira, estrategista-chefe e head de research da XP, destacou que os setores de varejo, construtoras de baixa renda e educação tendem a ser favorecidos na presidência de um governo do presidente Lula.
Segundo ele, as ações das estatais devem continuar voláteis, dada a persistente incerteza em relação às suas políticas futuras. No caso do Banco do Brasil, diz, essas questões giram em torno das linhas de concessão de crédito subsidiadas. Já para Petrobras, as principais questões são em relação à futura política de precificação de combustíveis, bem como seus programas de investimentos futuros, escreve.
A avaliação é compartilhada por Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, que chama a atenção para a maior volatilidade da bolsa nos próximos dias. “Entendo que pode haver uma reação negativa no começo, mas dá para construir uma narrativa positiva em termos econômicos para o mercado receber bem. É só deixar claro como serão atingidos os objetivos, como isso vai ser feito”, diz.
Confira o desempenho dos mercados nesta segunda-feira (31):
- Por volta das 15h (horário de Brasília), o Ibovespa subia 0,33%, para 114.915 pontos;
- O dólar à vista cedia 2,43%, a R$ 5,17;
- Nos EUA, os índices recuavam: o Dow Jones caía 0,17%, o S&P 500, 0,55%, enquanto o Nasdaq tinha baixa de 0,83%;
Cena externa
Enquanto no Brasil as eleições dão o tom de cautela na bolsa, na cena externa os investidores acompanham mais uma semana agitada com divulgações de balanços corporativos do terceiro trimestre e decisões de bancos centrais.
Na Europa, a inflação subiu para um novo recorde histórico, enquanto a economia do bloco perdeu força – reforçando os temores de que uma recessão agora é quase inevitável. Isso ocorre depois que um indicador central da inflação dos Estados Unidos acelerou em setembro, reforçando um cenário de novos apertos.
Todos os olhos estarão voltados para a reunião do Federal Reserve, o banco central dos EUA, que deve aumentar nesta quarta-feira (31) os juros em 75 pontos base, pela quarta vez, enquanto os investidores dissecarão os comentários do presidente Jerome Powell para obter orientação sobre movimentos futuros.
Economistas consultados pela Bloomberg News estimam que o Fed irá manter sua postura agressiva, estabelecendo as bases para que as taxas de juros atinjam cerca de 5% em março de 2023, potencialmente levando a uma recessão nos EUA e global.
-- Atualiza às 15h (horário de Brasília)
-- Com informações da Bloomberg News
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