Bloomberg — O mercado ficará de olho em quem o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, colocará no comando da Petrobras (PETR3, PETR4) para avaliar o quanto a estratégia de negócios da estatal mudará sob o novo governo de esquerda.
Lula, o ex-presidente que impulsionou a expansão da Petrobras no pré-sal, que agora fornece cerca de 70% da produção total de petróleo e gás da empresa, iniciará conversas com partidos de sua aliança política para chegar a um consenso sobre quem selecionar para assumir os principais cargos na estatal e no Ministério de Minas e Energia.
As ações preferenciais chegaram a cair até 8% na abertura do mercado na segunda-feira (31) na bolsa brasileira, a B3. Por volta das 11h30, a queda estava na casa de 5%.
O alto escalão da Petrobras passou por um período de turbulência sem precedentes nos últimos anos. O presidente Jair Bolsonaro demitiu três presidentes da petrolífera desde o início do ano passado por não conterem o aumento dos preços dos combustíveis.
Durante a campanha, a Petrobras sofreu pressão de ambos os candidatos para conter os preços em ambiente de inflação elevada aos consumidores, e existe a preocupação de que a empresa possa voltar a subsidiar os combustíveis como fez em gestões anteriores do PT.
Os investidores também estão preocupados com a possibilidade de a Petrobras, sob nova gestão, começar a investir em segmentos menos lucrativos, como refino, o que poderia diminuir os dividendos da ação.
Os principais possíveis candidatos ao cargo citados por participantes do setor incluem um senador alinhado a Lula e um ex-presidente da Petrobras durante o primeiro governo do petista.
Lula também tem laços profundos com a comunidade empresarial, de onde também podem vir indicações. O mandato do atual presidente da Petrobras, Caio Paes de Andrade, termina em abril de 2023.
Os principais nomes são:
Jean Paul Prates
Senador do PT e pessoa de referência para política energética durante a campanha de Lula, Prates atuou como consultor jurídico no braço internacional da Petrobras na década de 1980 e como consultor no setor de petróleo e gás. Em 1997 ele ajudou a elaborar a Lei do Petróleo, que abriu o setor à concorrência.
Em uma entrevista em agosto, Prates disse que, sob Lula, a Petrobras reverteria os anos de encolhimento que ocorreram no governo Bolsonaro. Ele citou refino, energia renovável e operações internacionais como áreas-meta para aumentar os investimentos.
José Sérgio Gabrielli
Economista e ex-presidente da Petrobras, Gabrielli liderou a empresa quando ela começou a explorar a formação do pré-sal e descobriu o maior grupo de campos de petróleo de águas profundas do planeta. Ele também estava no comando quando ocorreu o esquema de corrupção descoberto pela Operação Lava Jato. Gabrielli foi investigado, mas não foi condenado por nenhum crime.
Maurício Tolmasquim
Engenheiro e acadêmico da UFRJ, Tolmasquim atuou como chefe da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) de 2005 a 2016, quando o Partido dos Trabalhadores estava no poder. Na função, ele foi responsável por realizar estudos técnicos sobre o setor de energia e ajudar a moldar a política do governo para o setor, especialmente na frente do planejamento da oferta com leilões.
William Nozaki
Cientista político e economista de esquerda que participa de discussões de estratégia no PT, Nozaki também é coordenador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), associado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). Ele é a favor do aumento dos investimentos na rede de refino da Petrobras e da desaceleração da venda de ativos.
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