Lula diz que vitória não foi dele nem do PT, mas de movimento democrático

Ex-presidente prega unificação do país em seu primeiro discurso depois de eleito e diz que vai governar para 215 milhões de brasileiros

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Bloomberg Línea — Eleito com 50,90% dos votos válidos em uma disputa bastante apertada com o presidente Jair Bolsonaro (PL), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) fez seu primeiro discurso como presidente eleito em um hotel na região da avenida Paulista, em São Paulo, na noite deste domingo (30).

O ex-presidente começou o discurso de cerca de 15 minutos dizendo que não enfrentou um candidato ou um adversário, mas, sim, “a máquina do estado brasileiro colocado à serviço da situação”. E parabenizou não só os cerca de 60 milhões de eleitores que votaram nele como os cerca de 58 milhões que votaram em Bolsonaro.

Em outro momento, disse que vai governar para 215 milhões de brasileiros.

“A eleição colocou frente à frente dois projetos opostos e que hoje têm um único e grande vencedor: o povo brasileiro. Esta não é uma vitória minha, nem do PT, nem dos partidos que me apoiaram nesta campanha. É a vitória de um imenso movimento democrático”, disse o presidente eleito.

O petista agradeceu o apoio da senadora Simone Tebet (MDB), que estava presente, assim como o vice Geraldo Alckmin, a ex-presidente Dilma Rousseff, o candidato a governador de São Paulo, Fernando Haddad), derrotado por Tarcísio de Freitas, Marina Silva e Gleisi Hoffmann, entre outros.

”Tentaram me enterrar vivo e tive um processo de ressurreição”, disse.

Lula destacou em seu discurso uma mensagem de unificação do país, dizendo que “não há dois Brasis”. Ele lembrou seu principal compromisso a partir de janeiro de 2023, quando empossado, será “novamente acabar com a fome”.

Ele afirmou repetidamente que será preciso “reconstruir o país em todas as suas dimensões”, citando a necessidade de convivência harmoniosa dentro das famílias brasileiras, mesmo que haja diferentes preferências partidárias. Mencionou também a convivência entre os três poderes e o restabelecimento do diálogo entre o povo e o governo, fazendo menção a um país “dividido” ao meio.

Ao se referir ao cenário externo, Lula citou a importância de cooperação com outros países, a integração da América Latina e o fortalecimento do G20, grupo formado por 20 das maiores economias do mundo.

Ao tratar de suas prioridades econômicas, o petista disse que irá trabalhar para reconquistar a credibilidade para que investidores retomem a confiança no Brasil, além da retomada de parcerias com os Estados Unidos e a União Europeia.

”Não interessam acordos que condenem nosso país a ser exportador de commodities e matérias-primas”, disse, citando um”comércio internacional mais justo” e a reindustrialização do Brasil.

Ao falar sobre o meio ambiente, Lula disse que sua prioridade será lutar pelo desmatamento zero da Amazônia e que “o Brasil e o planeta precisam de uma Amazônia viva”, destacando a importância que o país tem no combate à crise climática global.

Ele também citou a “pacificação ambiental”, o combate a atividades ilegais e a promoção do desenvolvimento sustentável de comunidades. O presidente eleito encerrou seu discurso dizendo que o Brasil “viverá um novo tempo” e que a reconstrução do país não será fácil, mas urgente.

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