Bloomberg Línea — Com a reeleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no domingo (30), investidores buscam informações com fontes próximas ao ex-presidente, ao PT e a aliados políticos sobre a escolha dos nomes que devem compor o ministério do próximo governo.
No mercado financeiro, há uma pressão para que os nomes sejam anunciados rapidamente, especialmente na área econômica, para reduzir as incertezas, mas, a julgar pelo histórico do ex-presidente quando foi eleito pela primeira vez, o anúncio pode levar algumas semanas para acontecer.
Em 2002, Lula somente anunciou os nomes de Antonio Palocci e de Henrique Meirelles para comandar o Ministério da Fazenda e o Banco Central, respectivamente, no dia 12 de dezembro, mais de um mês depois da vitória nas urnas.
Meirelles deve voltar a ter algum cargo no novo mandato de Lula, embora ainda não esteja claro qual. Segundo a Bloomberg News, ele e o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha cresceram na reta final de campanha na “disputa” para assumir o comando da Economia.
Nas alas do PT, um dos mais cotados é Fernando Haddad, segundo os jornais O Globo e O Estado de S. Paulo. O petista foi ministro da Educação nos governos Lula e Dilma Rousseff de 2005 a 2012.
Fontes do mercado, por outro lado, apontam que um nome que ganha força é o de Marcos Lisboa para comandar a área econômica, provavelmente como novo ministro da Economia ou da Fazenda, caso o próximo governo retome o desenho que vigorou até o fim de 2018 e desmembre algumas áreas.
Lisboa anunciou no início do mês de outubro que deixaria a presidência do Insper depois de dez anos, o que levantou rumores de que poderia compor um eventual novo governo Lula - na ocasião, ele negou qualquer conversa nesse sentido.
Nesta segunda, fontes do setor privado apontaram que o seu nome estaria praticamente definido.
O economista ocupou um cargo importante do governo justamente no primeiro mandato de Lula como presidente: foi secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda de 2003 a 2005, período em que esteve à frente de uma agenda de reformas microeconômicas que criaram condições para um salto de produtividade da economia brasileira, como a então nova Lei de Falências.
O economista ficou por uma década como presidente do Insper e regularmente colabora com o debate público com estudos e artigos, em defesa de políticas públicas que reduzam o que se convencionou chamar de “República da Meia-Entrada” - conceito que retrata a concessão de benefícios como subsídios e desonerações fiscais para grupos de interesse com voz mais forte na sociedade.
Lisboa e os também economistas Mansueto Almeida e Samuel Pessôa alertaram para esse desafio em estudo divulgado em meados da última década.
O que Lula disse
Neste mês, Lula afirmou, em transmissão ao vivo, que não havia conversado com ninguém sobre os ministérios. “Não quero sentar na cadeira antes de ganhar as eleições. Primeiro tem que ganhar para depois montar equipe. Se montar agora eu arranjo mais inimigo do que amigo”, disse ele.
Ao menos nove pastas devem ser criadas e adicionadas às 23 já existentes, segundo rumores que circulam no mercado e apurações dos jornais de maior circulação e prestígio do país.
O Ministério da Economia deve ser desmembrado e dar origem de volta aos ministérios do Planejamento e da Fazenda.
Lula já indicou que deve recriar ou criar, também, as pastas de Igualdade Racial, Direitos Humanos e da Mulher, Previdência Social, Segurança Pública, Povos Originários, Pesca e Cultura.
Outras apostas
Simone Tebet (MDB), que foi candidata à presidência nas eleições deste ano e, após o primeiro turno, declarou apoio ao presidente eleito, é um dos nomes considerados mais certos entre aliados para assumir uma pasta no novo governo do petista. Tebet tem interesse em “contribuir” para as áreas de educação e agricultura, mas já afirmou que “não precisa de cargo para isso”.
Outro apoiador de Lula que deve ter um cargo de confiança no governo é Márcio França (PSB), segundo jornais.
Marina Silva (Rede) deve voltar a ser ministra do Meio-Ambiente, cargo que ocupou entre 2003 e 2008, no primeiro e no segundo mandatos de Lula.
Para comandar o ministério dos Povos Originários, é provável que Lula indique Sônia Guajajara (PSOL). Já para a Justiça, o Flávio Dino (PSB) é um dos cotados para ocupar o cargo.
- Com informações da Bloomberg News
- Com colaboração de Isabela Fleischmann
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