Bloomberg Línea — Com 12.576.778 de votos, Tarcísio de Freitas (Republicanos) foi eleito governador de São Paulo neste domingo (30). Ele teve 55,34% dos votos válidos, contra 44,66% dos votos válidos de seu concorrente, Fernando Haddad (PT), que recebeu 10.148.696 de votos.
A vitória confirma o resultado do primeiro turno, quando Tarcísio teve 42,32% dos votos válidos e Haddad, 35,7%. Esta é a primeira vitória eleitoral de Tarcísio e a segunda derrota de Haddad, que perdeu a reeleição para a prefeitura de São Paulo para João Doria em 2016 e a eleição presidencial para Jair Bolsonaro (PL) em 2018.
O resultado da eleição também confirma o caso do PSDB, que já foi o principal partido de oposição ao PT. É a primeira vez em quase 30 anos que São Paulo não será governado por um tucano. Nas eleições Legislativas, a legenda também encolheu: elegeu nove deputados para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), quatro a menos que em 2018, e 18 deputados para a Câmara, 11 a menos que em 2018.
A vitória de Tarcísio também confirma o favoritismo de Bolsonaro no estado. O governador eleito é carioca e nunca teve relação com São Paulo, mas foi ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e ficou conhecido por isso. Para poder se candidatar no estado, registrou como seu domicílio um apartamento em São José dos Campos que está no nome de um cunhado a seis meses da eleição, o prazo mínimo previsto na legislação eleitoral.
Ele mesmo relutou a ser candidato a governador do estado – ainda confunde os nomes das cidades do interior paulista e dos bairros da capital. Preferia sair candidato a senador pelo Distrito Federal ou por Goiás e compor uma bancada de ex-ministros de Bolsonaro no Congresso.
No final, cedeu, diante da necessidade de organizar um palanque para Bolsonaro em São Paulo, o maior colégio eleitoral do país, com 34 milhões de eleitores, 22% do total.
Como ministro, Tarcísio ficou conhecido como “quadro técnico”, muito por ter sido o responsável pela pasta que cuida das maiores obras e maiores licitações do governo federal.
Foi durante a gestão dele, por exemplo, que o governo federal entregou os trechos finais da transposição do Rio São Francisco (embora a obra já estivesse mais de 96% pronta quando Bolsonaro tomou posse) e inaugurou diversas cisternas no sertão nordestino.
Em sua primeira experiência eleitoral, se saiu bem e foi eleito governador do estado mais rico do país.
Propostas
Uma das propostas mais polêmicas de Tarcísio é acabar com a política das câmeras corporais dos policiais. Nos batalhões em que foi implantado, o projeto está diretamente ligado à redução na letalidade policial e também na morte de policiais. Alguns soldados, inclusive, relatam se sentir mais protegidos contra investidas ilegais de seus chefes e ofertas corruptas de suspeitos.
Para Tarcísio, no entanto, as câmeras “inibem” o policial e atrapalham o combate ao crime. No plano de governo, ele se compromete a dar aumento ao efetivo e “apoio jurídico” à ação policial – outra polêmica, visto que Bolsonaro costuma defender a criação de um “excludente de ilicitude” para policiais que matarem quem considerem suspeitos de crimes.
Tarcísio também propõe a criação de “mapas inteligentes” para mapear os crimes cometidos em São Paulo por rua, numa forma de desenvolver uma política mais focada, que ele chama de “preditiva”.
Seguindo a política de privatizações do governo federal, o ex-ministro da Infraestrutura também defende a privatização da Sabesp, a estatal paulista de tratamento e distribuição de água. Segundo o governador eleito, esse é o caminho para melhorar o serviço da empresa e reduzir as tarifas.
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