Como Lula e Bolsonaro chegam à eleição mais acirrada da era democrática

Com trajetórias políticas e propostas em diferentes áreas distintas, presidente atual e ex-presidente entre 2003 e 2010 disputam os votos de mais de 156 milhões de brasileiros

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Bloomberg — Os brasileiros vão às urnas neste domingo (3) para um segundo turno presidencial entre o atual presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no que se tornou a eleição mais significativa desde o retorno da democracia à nação latino-americana há quase quatro décadas.

As urnas abriram às 8h da manhã e serão encerradas às 17h.

Em 12 estados, incluindo o de São Paulo, o mais populoso do país, os eleitores também vão decidir pelo próximo governador entre 2023 e 2026.

Mais de 156 milhões de eleitores estarão aptos a escolher entre duas visões totalmente diferentes para seu país: o homem universalmente conhecido como Lula, 77 anos, que governou o Brasil entre 2003 e 2010, que se deparou com memórias de prosperidade passada e elogia sua experiência anterior no cargo como um meio para curar as profundas divisões da nação e acabar com a fome.

Bolsonaro, 67 anos, um ex-capitão do exército temente a Deus, cujo estilo é frequentemente comparado ao do ex-presidente americano Donald Trump, recebe profundo apoio do poderoso setor de agronegócio e da comunidade evangélica do Brasil. Ele se compromete a levar os valores cristãos aos níveis mais altos do poder enquanto reduz a burocracia para estimular o crescimento da economia.

O confronto entre as duas maiores personalidades políticas do país resultou em uma disputa acirrada e às vezes violenta, o que suscitou preocupação entre autoridades eleitorais e aliados internacionais.

Ambos os candidatos alegam que seu oponente causará danos irreparáveis ao país e à sociedade. Bolsonaro afirma que seu rival de esquerda jogará a maior economia da América Latina por um caminho como o da Venezuela ou da Nicarágua. Lula diz que o presidente de extrema-direita esvaziará as instituições democráticas se lhe for concedido mais um mandato de quatro anos.

As pesquisas que levam à votação deste domingo mostram Lula com pequena vantagem, mas Bolsonaro surpreendeu os institutos de pesquisa com desempenho muito mais forte que o esperado no primeiro turno em 2 de outubro. Desde então, ele tentou melhorar sua posição lançando uma série de medidas econômicas de última hora e tem sido ajudado pela melhoria das perspectivas.

Dois dos principais institutos, Datafolha e Quaest, apontaram cenário de empate técnico dentro da margem de erro em suas últimas pesquisas antes do segundo turno, com Lula à frente em ambas.

Mas uma série de erros de campanha, incluindo um incidente violento em que um ex-parlamentar e fiel aliado do presidente - Roberto Jefferson - disparou um fuzil e lançou granadas contra a Polícia Federal, parecem ter minado o ímpeto de Bolsonaro na última semana da corrida eleitoral.

Um novo incidente com armas, desta vez envolvendo a deputada Carla Zambelli e uma pessoa civil, se acrescenta a essa sucessão de episódios que podem impactar nas intenções de voto do presidente.

Dias antes da votação deste domingo, Bolsonaro intensificou os ataques às autoridades eleitorais, alegando que sua campanha não teve acesso igualitário a rádios, alimentando temores de que esteja planejando contestar a votação. Ele disse anteriormente que não aceitaria o resultado se houvesse alegada fraude, configurando uma possível repetição do que se seguiu às eleições presidenciais dos EUA em 2020.

No entanto, na noite de sexta-feira (28), depois do último debate na televisão, na Globo, o presidente disse que respeitará o resultado e que quem conseguir mais votos vencerá a eleição.

Tanto o atual quanto o ex-presidente terminaram suas campanhas em estados densamente povoados do Sudeste. Lula votará em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, onde iniciou sua carreira política como sindicalista. Bolsonaro votará em uma escola militar no Rio de Janeiro.

- Com colaboração de Daniel Carvalho, Isadora Calumby e Simone Iglesias.

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