Credit Suisse quer captar US$ 4,1 bi e anuncia venda de unidade e corte de 9 mil

Com recursos, banco suíço pretende levar a cabo uma ampla reforma estrutural; ações fecham em queda de 19% em reação de investidores ao plano

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Bloomberg — Ao mesmo tempo em que reportou um prejuízo de US$ 4,08 bilhões no terceiro trimestre, a quarta perda seguida, o Credit Suisse (CS) anunciou que pretende levantar praticamente a mesma quantidade (US$ 4,1 bilhões) para financiar uma ampla reforma estrutural.

A instituição com sede em Zurique captará estes recursos por meio da emissão de direitos e da venda de ações a investidores qualificados, entre os quais se encontra o Banco Nacional da Arabia Saudita, informou o Credit Suisse Group AG nesta manhã de quinta-feira (27).

O plano inclui o corte de 9.000 vagas. As ações do banco fecharam em queda de 19% nesta quinta na bolsa suíça em Zurique, a maior já registrada.

Está efetivamente desmembrando o seu banco de investimentos, separando os negócios de consultoria e mercado de capitais e vendendo a maioria de suas operações de produtos securitizados para a Apollo Global Management Inc. e a Pacific Investment Management Co., a Pimco, duas das maiores gestoras do mundo, conforme foi antecipado pela Bloomberg News.

A venda do negócio - lucrativo, embora de capital intensivo - é um pilar fundamental do plano do Credit Suisse de reduzir o rombo de seu banco de investimento e ajudar a cobrir outras medidas de reestruturação. Esta unidade, dirigida desde 2016 pelo trader Jay Kim em Nova York, compra e vende títulos lastreados por conjunto de hipotecas e outros ativos, como empréstimos para carros ou dívidas de cartão de crédito.

Algumas das maiores mudanças ocorrerão no banco de investimentos, incluindo a saída de seu chefe, Christian Meissner, e o renascimento da marca First Boston. O negócio separado incluirá a renomada unidade de consultoria e alavancagem financeira do banco e será liderada por Michael Klein, um experiente ex-executivo do Citigroup conhecido por seus laços com o Oriente Médio. A divisão também buscará capital externo para o negócio de alavancagem financeira.

A reestruturação radical que se seguirá nos próximos três anos é uma tentativa urgente de restaurar a credibilidade do Credit Suisse depois que uma sucessão de enormes perdas e caos destruiu seu status de um dos bancos mais prestigiados da Europa.

O CEO, Ulrich Koerner, e o presidente do conselho, Axel Lehmann, trazidos com o status de gestores de crises, agora enfrentam a tarefa de executar a maior reforma da história recente do banco, protegendo, ao mesmo tempo, a unidade de gestão de patrimônio - wealth management - que determinará seu futuro.

Prejuízo trimestral

A reorganização estratégica do Credit Suisse veio junto com outra grande perda trimestral - a quarta consecutiva -, provocada pela fuga em massa de clientes endinheirados. A instituição apresentou um prejuízo líquido de 4,03 bilhões de francos (US$ 4,08 bilhões), incluindo o lançamento de 3,7 bilhões de francos em ativos fiscais diferidos para a reestruturação em curso.

Segundo o Credit, que provavelmente voltará a anotar perdas no quarto trimestre, a reestruturação custará cerca de 2,9 bilhões de francos até 2024.

(Tradução de Michelly Teixeira)

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