Bolsonaro critica TSE e insiste que foi prejudicado em exibições em rádios

Presidente disse que irá ‘até o limite’ para provar que houve disparidade na exibição de propagandas eleitorais; Alexandre de Moraes negou pedido de investigação

Jair Bolsonaro busca neste domingo o direito de exercer um segundo mandato como presidente do Brasil
Por Andrew Rosati - Daniel Carvalho
27 de Outubro, 2022 | 12:56 PM

Bloomberg — O presidente Jair Bolsonaro (PL) intensificou os ataques ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), depois de ter sido negado o seu pedido de investigação de emissoras de rádio por suposta preferência a seu oponente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Em coletiva de imprensa no palácio presidencial na noite de quarta-feira (26), Bolsonaro criticou Alexandre de Moraes, presidente do TSE, e disse que vai recorrer da decisão.

“Vamos até o limite, pelo que é permitido pela Constituição, e provaremos o que nossas auditorias mostram, que realmente existe uma grande disparidade”, disse.

A decisão de reivindicar tratamento igual por rádios e autoridades eleitorais não foi consensual em sua campanha, com alguns assessores demonstrando preocupação que isso possa ser visto por eleitores como uma preparação para uma possível derrota no próximo domingo (30), dia em que eleitores de todo o país votarão para presidente da República e, em 12 estados, para governador.

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Lula disse que tais alegações mostram que Bolsonaro está desesperado. “A campanha está chegando ao fim e ele percebeu que pode perder a eleição”, disse o petista em entrevista a uma rádio nesta quinta-feira (27).

Bolsonaro x Moraes

A última disputa entre o presidente e Moraes, juiz do Supremo Tribunal Federal que lidera uma ampla investigação sobre campanhas de propagação de desinformação - fake news -, se concentra nas propagandas eleitorais. Por lei, as emissoras de TV e de rádio têm que proporcionar tempo igual a cada candidato na reta final da corrida presidencial.

Na segunda-feira (24), advogados da campanha de Bolsonaro e o ministro das Comunicações, Fabio Faria, alegaram que emissoras de rádio das regiões Norte e Nordeste do Brasil, redutos tradicionais de apoio a Lula, teriam exibido quantidade desproporcional de propagandas eleitorais do adversário.

Moraes, que muitas vezes colidiu com Bolsonaro em razão dos ataques do presidente às instituições do Brasil, disse que o provas não foram fornecidas. Ele também ordenou uma investigação sobre a campanha do atual presidente para uma possível tentativa de atrapalhar a eleição.

As tensões estão aumentando antes da votação do próximo domingo, com pesquisas de intenção de voto mostrando Lula com uma vantagem apertada diante de Bolsonaro. Bem antes do início da campanha deste ano, o presidente e candidato à reeleição colocou em dúvida o sistema de votação brasileiro, levantando temores de um possível resultado contestado se perder.

Em seu discurso, Bolsonaro também alegou, sem fornecer provas, que teve desempenho inferior na votação do primeiro turno em cidades que não exibiram suas propagandas de campanha.

“Meu lado foi muito ferido, e não foi só agora”, disse.

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- Com a colaboração de Simone Iglesias.

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