Planeta deve ficar mais de 2°C mais quente com projetos insuficientes

Cientistas afirmam que, mesmo combatendo os gases estufa, aquecimento atual de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais já resulta em danos irreversíveis

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Bloomberg — Os planos dos governos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa não são suficientes para evitar um aquecimento global catastrófico. A Terra está a caminho de ficar entre 2,1°C e 2,9°C mais quente até o final do século em comparação com os níveis pré-industriais, de acordo com um novo relatório da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática (UNFCCC).

Apesar de alguns progressos no último ano, os governos precisam fazer mais até 2030 para garantir que o aumento da temperatura global seja inferior a 2°C e idealmente mais próximo de 1,5°C – a meta estabelecida no Acordo de Paris estabelecido em 2015. A UNFCCC chegou às suas conclusões analisando todos os planos climáticos nacionais, também conhecidos como contribuições determinadas nacionalmente ou CDNs, apresentados desde 2015.

“A boa notícia é que as projeções mostram que as emissões não aumentarão após 2030″, disse Simon Stiell, secretário executivo da ONU para as mudanças climáticas, a repórteres nesta quarta-feira (26). “A má notícia é que ainda não estão demonstrando a rápida tendência de queda que os cientistas dizem ser necessária ainda nesta década”.

Os cientistas climáticos estimam que as emissões de gases estufa causadas pelo homem precisam diminuir pela metade até o final desta década e ser eliminadas até meados do século para manter o aquecimento abaixo de 2°C até 2100. Embora as consequências do aquecimento global acima desse limiar sejam consideradas catastróficas, o aquecimento atual de 1,1°C acima dos níveis pré-industriais já resultou em mudanças irreversíveis, segundo o último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU.

Os eventos climáticos extremos expuseram milhões de pessoas à insegurança alimentar e à desnutrição; as mortes relacionadas ao calor aumentaram; e a migração climática aumentou. A agricultura, o turismo e a pesca estão sofrendo perdas. Os países ricos mais responsáveis pelas emissões históricas CO₂ também têm mais recursos para se adaptar, enquanto os países mais pobres que pouco contribuíram para a mudança climática enfrentam o peso dos choques.

Se todos os planos para reduzir as emissões de gases de efeito estufa forem cumpridos, as emissões globais totalizarão 52,4 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2030, 0,3% abaixo dos níveis de 2019, indicando que as emissões poderão atingir o pico antes do final desta década, segundo o relatório. No ano passado, a UNFCCC estimou que as emissões continuariam aumentando e alcançariam 54,9 bilhões de toneladas até 2030.

Os signatários do Acordo de Paris estão aumentando suas ambições, mas não tão rápido quanto deveriam, constata a análise da UNFCCC. Mesmo se as promessas de todos os países forem cumpridas, ainda haverá um excedente de 16 bilhões de toneladas de CO₂ acima do limite necessário para manter o aquecimento global em 2ºC.

A ampla gama nas estimativas de aquecimento – entre 2,1°C e 2,9°C – deve-se à incerteza da capacidade de os países implementarem seus planos. Se as emissões não forem reduzidas suficientemente até 2030, os cortes precisarão ser muito mais acentuados depois disso para compensar o atraso nas medidas de o zero líquido – medida necessária para deter o aquecimento global, disse o relatório da UNFCCC.

“Estamos invertendo a tendência das emissões, e elas devem tomar o rumo certo”, disse Stiell. “No entanto, elas não estão caindo rápido o suficiente, ficando bem longe da escala de redução de emissões necessária para nos colocar na rota de um aquecimento de 1,5°C”.

Um segundo relatório da UNFCCC concluiu que as emissões poderiam ser aproximadamente 68% mais baixas em 2050 (em comparação com os níveis de 2019) se todos os planos fossem implementados. A pesquisa, que focou nas metas climáticas de longo prazo dos países, advertiu que alguns planos de zero líquido adiam as ações climáticas que deveriam ocorrer ainda nesta década.

“Os países devem fortalecer seus planos agora e implementá-los nos próximos oito anos”, disse Stiell. “Estamos avançando, mas muito lentamente – cada ano é crítico neste processo”.

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