Hora da virada para o dólar? As razões para a queda recente da moeda americana

Euro volta a atingir paridade com o dólar pela primeira vez desde o início de setembro, e novos dados da economia americana mostram desaceleração da atividade

Moeda americana atravessa neste ano uma trajetória de fortalecimento diante do aumento expressivo da taxa de juros nos EUA
Por Masaki Kondo - Ruth Carson
26 de Outubro, 2022 | 07:43 AM

Bloomberg — Um indicador do dólar caiu para um patamar mínimo de três semanas, com os traders apostando que o Federal Reserve vai moderar o ritmo de seus aumentos de juros diante de sinais de que a maior economia do mundo está começando a desacelerar.

O Bloomberg Dollar Spot Index caiu até 0,9%, deslizando junto com os rendimentos de referência do Tesouro pelo segundo dia. Os traders estão precificando que o limite superior da faixa-alvo do Fed atingirá um pico de cerca de 5% em 2023, em comparação com quase 5,20% na semana passada.

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A reprecificação está beneficiando o euro e a libra, com a moeda comum da zona do euro avançando além da paridade com o dólar americano pela primeira vez desde 1º de setembro.

A libra esterlina saltou 1,3%, para US$ 1,1620, o nível mais alto em mais de um mês - na esteira também da eleição de Rishi Sunak como primeiro-ministro do Reino Unido, visto como um nome mais confiável para a estabilidade dos mercados financeiros.

Uma série de dados dos EUA sobre a atividade industrial, os preços de imóveis e a confiança do consumidor ficaram aquém das estimativas dos economistas, ressaltando o preço a se pagar pelo aperto monetário do Fed.

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Enquanto isso, as autoridades do Federal Reserve soaram mais cautelosas nos últimos dias, com a presidente do Fed de São Francisco, Mary Daly, dizendo na semana passada que os formuladores de políticas deveriam começar a planejar uma redução no tamanho dos aumentos das taxas de juros.

“Provavelmente estamos na última etapa da [trajetória de] força do dólar”, disse Themistoklis Fiotakis, chefe de pesquisa de câmbio do Barclays Bank, em entrevista à Bloomberg Television nesta quarta-feira (26).

“Está bem claro que muitos dos componentes da economia dos EUA estão começando a mostrar sinais de pico, seja o crescimento dos salários, o crescimento da inflação ou seja o mercado imobiliário.”

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O rendimento do título do Tesouro americano de 10 anos caiu 8 pontos base, para 4,02%, abaixo da alta de 4,34% deste mês. O euro estava 0,8% mais forte em US$ 1,0047 às 10h32 (horário de Londres).

No Brasil, o dólar comercial encerrou negociado a R$ 5,32 na terça-feira (25), o maior patamar desde o começo de outubro, mas influenciado pela proximidade do segundo turno da eleição presidencial com amplas incertezas sobre os resultados das urnas, segundo analistas.

Aperto do dólar?

Com muitos investidores ainda posicionados para mais ganhos em dólar, o mercado corre o risco de ficar pressionado com a mudança de rumo. As apostas de alta do dólar são cerca do dobro da média nos últimos cinco anos, de acordo com os futuros não comerciais da Bloomberg CFTC.

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A queda do dólar também está sendo agravada pelo sentimento de baixa em relação à libra e à mudança do euro. Os ativos do Reino Unido subiram depois que o ex-secretário de Finanças Rishi Sunak foi nomeado para comandar o país, sinalizando o fim de uma política fiscal expansiva planejada sob Liz Truss, que mergulhou os mercados em turbulência.

O euro também está se fortalecendo após um declínio nos preços do gás natural, que deve melhorar a posição dos termos de troca da zona do euro, de acordo com o estrategista do ING Groep NV, Chris Turner. Uma quebra de paridade “pode desencadear uma queda acentuada para US$ 1,02″, acrescentou.

A perspectiva mais brilhante para a moeda comum europeia está se manifestando no mercado de opções, com reversões de risco de uma semana para o par euro-dólar negociando em seus níveis menos baixistas desde fevereiro. Os fundos hedge reduziram sua exposição vendida ao euro para o menor patamar desde junho, de acordo com dados da CFTC.

Ainda assim, até que ponto essa tendência continuará será em parte determinada pela reunião do Banco Central Europeu na quinta-feira (27) e pela decisão da taxa do Fed na próxima semana. Antes disso, os traders também estarão atentos aos próximos dados dos EUA, incluindo as vendas de novas casas nesta quarta.

“Os mercados não têm muita convicção e combustível para perseguir negociações hawkish do Fed agora, especialmente quando você está vendo tiros de alerta sobre medos ‘excessivos’ nos dados imobiliários”, disse Viraj Patel, estrategista sênior da Vanda Research em Londres. “Então, estamos começando a ver os rendimentos de 10 anos caindo.”

- Com colaboração de Edward Bolingbroke, James Hirai, Greg Ritchie, Vassilis Karamanis, Francine Lacqua, Naomi Tajitsu e Libby Cherry.

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