Copom mantém Selic em 13,75% e aponta período prolongado para o patamar

Decisão foi tomada de forma unânime pelo colegiado, que alerta que ciclo de ajuste poderá ser retomado caso processo de desinflação não ocorra como o esperado

Antes da pausa nas duas últimas reuniões do Copom, a taxa básica foi elevada por 12 vezes seguidas, passando de 2% ao ano para 13,75%
26 de Outubro, 2022 | 06:35 PM

Bloomberg Línea — O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter a taxa de juros em 13,75% ao ano pela segunda reunião consecutiva, como era esperado pelo mercado. Às vésperas do segundo turno das eleições, a autoridade monetária divulgou o comunicado nesta quarta-feira (21). A decisão pela manutenção foi tomada de forma unânime pelos nove integrantes do comitê.

“O Comitê se manterá vigilante, avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período suficientemente prolongado será capaz de assegurar a convergência da inflação”, apontou o comunicado junto com a decisão.

“O Comitê reforça que irá perseverar até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”

Antes da pausa nas duas últimas reuniões, a taxa básica de juros havia sido elevada por 12 vezes seguidas, passando de 2% ao ano em março de 2021 para 13,75% em agosto deste ano.

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A decisão do comitê não havia sido unânime na reunião de setembro, com sete membros, incluindo o presidente, Roberto Campos Neto, votando pela manutenção, enquanto dois defendiam o aumento de 0,25 ponto percentual.

Decisão alinhada à visão do mercado

A expectativa de manutenção da taxa Selic era consensual no mercado entre economistas consultados pela Bloomberg News.

Analistas esperavam que o Copom mantivesse a sinalização de juros no atual patamar por período prolongado e que o comunicado trouxesse poucas mudanças. Entre as possíveis alterações, o JPMorgan (JPM) esperava uma decisão unânime, sem a divisão vista na reunião anterior, e que o BC desse um peso equivalente para a inflação de 2023 e 2024.

A precificação na curva de juros aponta para a possibilidade de os cortes começarem a partir de março de 2023. O presidente do BC, Roberto Campos Neto, disse no final de setembro que, usando as projeções da pesquisa Focus do Banco Central com analistas do mercado, que apontavam para um primeiro corte em junho, seria possível atingir o objetivo de trazer a inflação ao redor da meta.

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Kariny Leal

Jornalista carioca, formada pela UFRJ, especializada em cobertura econômica e em tempo real, com passagens pela Bloomberg News e Forbes Brasil. Kariny cobre o mercado financeiro e a economia brasileira para a Bloomberg Línea.