Bloomberg — A controladora do Google, a Alphabet (GOOG) costumava atrair os investidores na fase em que o mercado de ações estava em alta ao registrar, consistentemente, vendas e lucros acima do esperado. Mas esses dias parecem ter acabado.
Com os resultados trimestrais decepcionantes da Alphabet, bem como os da Microsoft (MSFT) e da gigante de semicondutores Texas Instruments (TXN), desencadearam uma onda de vendas das ações (sell-off) que ameaça eliminar mais de US$ 300 bilhões em valor de mercado de algumas das maiores empresas americanas. A notícia está frustrando as estimativas de que a venda de US$ 5,5 trilhões em ações de tecnologia este ano já tivesse atingido o fundo do poço.
Os resultados trimestrais destacaram a crescente pressão sobre as empresas, desde despesas corporativas de TI até gastos com anúncios digitais e chips para maquinário industrial. Os futuros do índice Nasdaq 100 caíram 1,6% no início do pregão de quarta-feira (26), com os resultados redirecionando a atenção dos investidores para os danos aos lucros e à economia dos rápidos aumentos das taxas de juros do Federal Reserve.
“A economia global está em um ponto de inflexão”, disse Jessica Amir, estrategista da Saxo Capital Markets. “O dólar mais forte continuará a prejudicar os lucros futuros das empresas, em um momento em que a demanda do consumidor provavelmente cairá com o efeito de riqueza reverso esperado para dominar os mercados. A pressão permanece nas classes de ativos mais arriscadas, como tecnologia.”
A Alphabet agora registrou três trimestres consecutivos de lucro por ação decepcionante, de acordo com dados compilados pela Bloomberg News, a mais longa sequência desse tipo em sete anos. Antes deste ano, a empresa havia superado as estimativas nove trimestres seguidos e só havia perdido uma vez desde o final de 2017.
Analistas e investidores estão muito otimistas este ano em relação a outros gigantes da tecnologia que divulgam seus resultados esta semana: a Meta Platforms (FB), dona do Facebook, e a Amazon (AMZN) perderam receita em três dos últimos quatro trimestres, mostram os dados. A Meta publica os resultados após o fechamento do mercado na quarta-feira, e a Amazon e a Apple (AAPL) na quinta-feira.
Sinais de fraqueza foram generalizados nos resultados de terça-feira. A Microsoft registrou seu crescimento trimestral de vendas mais fraco em cinco anos, estrangulado pela alta do dólar, queda na demanda de PCs e queda na receita de publicidade.
A previsão da Microsoft aponta para uma séria desaceleração, disse Anurag Rana, analista da Bloomberg Intelligence.
“Essa orientação é pior do que havíamos previsto e mostra que os gastos corporativos de TI estão desacelerando em um ritmo mais rápido em meio a crescentes problemas econômicos”, disse Rana.
No mecanismo financeiro mais importante da Alphabet, as buscas e negócios relacionados, as vendas subiram menos do que os analistas estimaram, pois a inflação em espiral prejudicou o crescimento da publicidade digital. A Microsoft caiu 6,5% nas negociações de pré-mercado, enquanto a Alphabet caiu 6,7%.
A venda se estendeu a outros gigantes de consumo e tecnologia, com a Amazon caindo 3,6%. Aqueles que derivam de vendas de publicidade online seguiram a Alphabet em baixa, com Meta e Pinterest Inc. caindo 4,4% e 3,9%, respectivamente.
O Nasdaq 100 caiu 28% este ano, a caminho de seu pior desempenho anual desde 2008.
As perspectivas de demanda eram particularmente terríveis na indústria de semicondutores, que havia sido um dos setores mais quentes durante a pandemia. A Texas Instruments, cujos chips vão para tudo, de eletrodomésticos a mísseis, viu as ações caírem depois que sua fraca previsão sinalizou que a queda dos chips está se espalhando além da computação e dos telefones para outros negócios. As ações caíram 4,6%, enquanto Analog Devices, ON Semiconductor e Marvell Technology também caíram.
Embora a queda na demanda por chips usados em eletrônicos de consumo tenha sido bem documentada e incorporada às ações, os semicondutores usados nos setores industrial e automotivo ainda eram escassos.
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