Ipespe: em cenário estável, Lula tem 50% das intenções de voto e Bolsonaro, 44%

Pesquisa é mais uma a mostrar cenário de estabilidade; ‘só um fato extraordinário poderia inverter a posição dos concorrentes’, diz cientista político

Cenário da campanha está estável e só "reviravolta" pode inverter posições dos concorrentes, diz cientista político Antônio Lavareda
25 de Outubro, 2022 | 11:17 AM

Bloomberg Línea — Nova pesquisa do Ipespe, divulgada nesta terça-feira (25), confirma o cenário de estabilidade na corrida pelo segundo turno. O ex-presidente Lula (PT) está com 50% das intenções de voto e o presidente Jair Bolsonaro (PL), com 44%. Ambos oscilaram um ponto para cima desde a última pesquisa, divulgada há uma semana. A margem de erro é de três pontos.

No cenário espontâneo, em que os entrevistadores não dizem aos entrevistados as opções disponíveis, o cenário da semana passada também se repete: Lula com 47% e Bolsonaro, com 43%.

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A desaprovação ao governo Bolsonaro também ficou estável em 49%, depois de semanas em queda. A aprovação oscilou um ponto para cima e ficou em 43%.

Para o cientista político Antônio Lavareda, responsável pela pesquisas do Ipespe, “estabilidade é a marca da última rodada”, embora Bolsonaro tenha dado sinais de estagnação.

A evolução do incumbente registrada na semana anterior foi interrompida. Isso pode ter sido resultado do início da repercussão do episódio Roberto Jefferson com forte repercussão a partir do fim da noite do domingo”, diz Lavareda.

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No domingo (23), Jefferson, forte aliado de Bolsonaro e ex-presidente do PTB, disparou pelo menos 20 tiros de fuzil e lançou três granadas contra agentes da Polícia Federal que cumpriam ordem de revogação de sua prisão domiciliar.

De acordo com Lavareda, a última semana antes do segundo turno costuma ser momentosa, marcada por denúncias feitas por ambos os candidatos e pelo debate entre eles organizado pela TV Globo, que acontece na sexta-feira (28).

“Tudo isso combinado certamente terá alguma influência, mas a cinco dias da votação uma reviravolta é muito difícil. Nunca houve na última semana numa eleição presidencial no Brasil. Só um fato extraordinário poderia inverter a posição dos concorrentes”, resume o professor.

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Lula lidera entre os eleitores mais interessados

A pesquisa procurou fazer contas para tentar chegar a um prognóstico dos “votos válidos”, em que são excluídos os indecisos, os votos em branco ou nulo e as abstenções. Para isso, considerou apenas as respostas dos 78% de entrevistados que se disseram muito interessados nas eleições e excluiu da conta os indecisos e brancos/nulos.

Nessa conta, Lula tem 52% das intenções de voto, contra 48% de Bolsonaro.

Com isso, a pesquisa pretende emular o que deve acontecer na urna no dia 30, já que os votos válidos considerados pela Justiça Eleitoral excluem as abstenções e as pesquisas eleitorais não conseguem estipular quantos não comparecerão às urnas no dia da votação.

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Lavareda observa que, nesse cenário, a liderança de Lula fica “mais estreita”. Segundo ele, isso acontece porque o petista é mais prejudicado que o adversário pela abstenção.

De acordo com a pesquisa, 89% dos eleitores de Bolsonaro disseram que vão votar “com certeza”. Entre os eleitores de Lula, a cifra cai para 82%. E, “entre os 18% da amostra que enfrentam maior dificuldade para votar, porque ou moram longe (14%) ou muito longe (4%), e mais os que não souberam responder à questão (1%), a dianteira de Lula sobre Bolsonaro é muito maior: 54% X 41%”, aponta Lavareda.

A pesquisa ouviu 1.100 pessoas por telefone entre os dias 22 e 24 de outubro. A margem de erro é de três pontos percentuais, para mais ou para menos, e o nível de confiança é de 95%. O registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-08044/2022. A pesquisa foi contratada pela Associação Brasileira de Pesquisadores Eleitorais (Abrapel).

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Pedro Canário

Repórter de Política da Bloomberg Línea no Brasil. Jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero em 2009, tem ampla experiência com temas ligados a Direito e Justiça. Foi repórter, editor, correspondente em Brasília e chefe de redação do site Consultor Jurídico (ConJur) e repórter de Supremo Tribunal Federal do site O Antagonista.