Mais ricos da China perdem US$ 9 bi na bolsa com Xi ampliando o poder. Entenda

Decisão do presidente da China de colocar seus aliados no topo da liderança do governo eleva a preocupação de que a repressão à riqueza e às empresas privadas continue

As pessoas mais ricas da China já estavam a caminho de seu pior ano em uma década, com as rígidas políticas de Xi contra a Covid afetando a economia
Por Venus Feng
24 de Outubro, 2022 | 08:13 AM

Bloomberg — Os magnatas mais ricos da China perderam mais de US$ 9 bilhões na liquidação do mercado que se seguiu ao aperto de Xi Jinping sobre o governo.

Pony Ma, da Tencent, e a pessoa mais rica do país, Zhong Shanshan, perderam mais de US$ 2 bilhões na segunda-feira (24), quando as ações de suas empresas caíram após a remodelação da liderança do Partido Comunista, segundo o Bloomberg Billionaires Index.

Jack Ma, da Alibaba, Robin Li, da Baidu, e Richard Liu, da JD.com, não estão incluídos na conta, já que a listagem principal das ações de suas empresas está nos Estados Unidos. Os papéis das três caíam nas negociações pré-mercado americano perto das 8h no horário de Brasília.

A decisão de Xi de colocar seus aliados mais próximos no topo da liderança aumenta a preocupação de que a repressão da China à riqueza e às empresas privadas continue.

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Um índice que acompanha as ações do país listadas em Hong Kong teve a maior queda após um congresso do Partido Comunista desde sua criação, em 1994. Os estrangeiros venderam uma quantidade recorde de ações, enquanto o yuan enfraqueceu para o nível mais baixo desde janeiro de 2008.

“A queda de hoje reflete o sentimento frágil do investidor”, disse Kenny Wen, chefe de estratégia de investimento da KGI Asia em Hong Kong. “As pessoas estão tentando se segurar e buscar mais implicações para a economia chinesa após a remodelação.”

Mesmo antes da queda de segunda-feira, as pessoas mais ricas da China estavam a caminho de seu pior ano em uma década, com as rígidas políticas contra a Covid de Xi afetando a economia.

Na sexta-feira (21), havia 76 bilionários chineses com patrimônio somado de US$ 783 bilhões entre as 500 pessoas mais ricas do mundo, em comparação com 79 magnatas com patrimônio líquido total de US$ 1,1 trilhão no final do ano passado, segundo o índice de riqueza da Bloomberg.

Embora a renomeação de Xi para um terceiro mandato inédito não tenha sido uma surpresa, a promoção de partidários está rompendo com o modelo de liderança coletiva que sustentou a ascensão do país, agora com menos vozes no topo para questionar suas políticas.

A medida indica que o país provavelmente seguirá sua rigorosa abordagem contra a Covid que prejudicou a economia. Uma série de dados divulgados na segunda-feira, após atrasos na semana passada, mostraram uma recuperação mista, e os economistas continuam cautelosos com o crescimento futuro.

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