Mulheres estão deixando cargos de liderança como nunca antes, aponta McKinsey

Falta de flexibilidade, de crescimento e tratamento desigual têm forçado profissionais mulheres do alto escalão a reavaliarem suas prioridades, segundo estudo

Profissionais mulheres em altos cargos têm cada vez mais deixado seus postos devido à falta de flexibilidade e menos chances de promoção
Por Kelsey Butler - Matthew Boyle
22 de Outubro, 2022 | 09:10 AM

Bloomberg — Profissionais mulheres estão deixando seus altos cargos em empresas como nunca antes, impulsionadas pea falta de chances de crescimento em suas empresas. Para cada diretora promovida, duas estão optando por deixar seus cargos atuais, de acordo com um novo relatório da McKinsey e da LeanIn.org.

As organizações, que analisaram dados de 12 milhões de funcionários em mais de 330 empresas nos Estados Unidos e no Canadá, monitoram a situação de mulheres no mercado de trabalho desde 2015. Os resultados são compartilhados desde então em relatórios anuais.

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“As mulheres são tão ambiciosas quanto os homens, mas estão deixando seus cargos em níveis jamais vistos antes por nós, e em taxas bem mais altas do que os homens”, disse a CEO da LeanIn, Rachel Thomas. “Nós realmente achamos que isso pode ser um desastre para as empresas.”

As diferenças no local de trabalho não são um fenômeno dos dias atuais, mas muitas delas pioraram depois da covid-19. A falta de acesso a cuidados infantis contribuiu para que mais mulheres abandonassem a força de trabalho do que os homens nos últimos anos. A disparidade salarial entre homens e mulheres, que vinha diminuindo, também regrediu durante a pandemia.

Agora, aquelas que estão nos escalões mais altos estão parando para reavaliar suas prioridades devido à falta de oportunidades de crescimento, flexibilidade ou tratamento desigual ou uma combinação desses e de outros fatores.

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Susan Chapman-Hughes deixou seu emprego em uma empresa de pagamentos depois de um período de 11 anos. Hughes, que liderou a transformação digital de sua empresa, disse que a última oportunidade que lhe foi oferecida “não se encaixava na narrativa” que ela tinha para si mesma.

“As empresas não conseguem dar o que você quer para o resto de sua carreira”, disse ela. “Você tem que ser inteligente o suficiente para seguir seus desejos.”

Atualmente, apenas um em cada quatro líderes C-Level é mulher, de acordo com o relatório. Especificamente entre mulheres negras, o número sobe para um em cada vinte 20, de acordo com o estudo.

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Para cada 100 homens promovidos a cargos de gerente, do nível básico, 87 mulheres são promovidas. Esse número cai para 82 para as mulheres negras, e se comparam a 86 e 85 no relatório do ano passado.

Carmen Bryant deixou seu cargo de diretora de marketing em uma empresa de anúncios de empregos online depois que seu irmão morreu vítima de um câncer no pâncreas.

“Eu tive essa epifania de que a vida é muito curta e não há razão para estar em algum lugar que não me faz mais sentido”, disse. Essa mentalidade ajudou a empurrar Bryant, que é negra, para a WizeHire, uma plataforma de contratação online, em que ela é vice-presidente de marketing.

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“Muitas mulheres pensam que, se trabalharem duro, as pessoas vão notar e isso vai ser suficiente”, disse ela. “A verdade é que as mulheres têm que se defender. E as mulheres negras têm que seguir uma linha tênue, tomando cuidado com o quão agressiva você é vista.”

À medida que as empresas ainda continuam ajustando suas políticas de trabalho remoto depois da pandemia, o estudo descobriu que apenas uma em cada 10 funcionárias quer trabalhar de forma presencial na maior parte do tempo.

O resumo do relatório diz que “muitas mulheres consideram a flexibilidade de horário de trabalho como uma razão fundamental para ingressar ou permanecer em uma empresa”.

“As mulheres não estão rompendo com o trabalho, elas estão rompendo com empresas que não estão entregando uma cultura melhor, a oportunidade e a flexibilidade, que são tão importantes para elas”, disse Thomas.

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