Brasília em off: a dúvida no comando da economia de um governo Lula

Aliados do ex-presidente debatem nome para o ministério em eventual governo, ainda que a disputa no segundo turno esteja apertada

Segundo a campanha, a queda da distância entre Lula e Bolsonaro nas pesquisas do segundo turno remete à eleição de 2014, quando Dilma Rousseff venceu Aécio Neves por margem apertada
Por Martha Beck
22 de Outubro, 2022 | 10:15 AM

Bloomberg — O apoio declarado de economistas pesos-pesados como Armínio Fraga, Pérsio Arida e Henrique Meirelles ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acabou bagunçando o tabuleiro de apostas dentro da campanha sobre quem comandaria o Ministério da Economia em um eventual governo petista.

Aliados do ex-presidente afirmam que a expectativa de que o escolhido fosse um economista mais ao centro, alinhado com o vice Geraldo Alckmin, acabou provocando uma reação dentro do PT.

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Com isso, voltaram a circular apostas mais políticas como o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o candidato petista ao governo de São Paulo, Fernando Haddad, e o ex-governador do Piauí Wellington Dias. Segundo um integrante da campanha, virou tudo um balaio de gato.

Trunfos na reta final

A campanha de Lula acredita que ainda pode ter alguns trunfos na reta final da eleição. Um deles seria a possibilidade de a Justiça suspender os empréstimos consignados para beneficiários do Auxílio Brasil.

A medida foi anunciada em agosto, mas passou a valer neste mês e levou o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União a pedir sua suspensão por entender que se trata de medida eleitoreira que poderia estar sendo feita em detrimento da Caixa, banco responsável pelos empréstimos.

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Os aliados do ex-presidente também apontam a decisão favorável do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de conceder a Lula, na quinta-feira (20), mais direitos de resposta -- agora em 20 inserções de 30 segundos no programa eleitoral do presidente Jair Bolsonaro. Uma parte das inserções do ex-presidente, entretanto, foi suspensa por uma ministra da corte e agora será analisada pelo plenário.

Segundo a campanha, a queda da distância entre Lula e Bolsonaro nas pesquisas remete à eleição de 2014, quando Dilma Rousseff venceu Aécio Neves com 51,6% dos votos contra 48,3% no segundo turno.

União que vai além do PT

Nas conversas com os economistas liberais, a equipe do PT tem pedido que a unidade que está sendo vista durante a campanha se mantenha caso Lula seja eleito. A mensagem é que o novo governo seria amplo e de reconstrução, e não simplesmente do PT.

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Segundo um dos participantes das conversas, um governo de Lula precisará de um apoio conjunto de toda a sociedade civil para poder realizar as reformas econômicas necessárias.

Combustíveis

Apesar de a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) apontar uma defasagem de dois dígitos nos preços da gasolina e do diesel em relação aos preços internacionais, integrantes da Petrobras (PETR3, PETR4) afirmam que a estatal tem condições de “espaçar” reajustes.

Um deles destaca que há condições para estabelecer uma precificação periódica de três ou seis meses para que eventuais ajustes nos preços não fiquem represados demais nem voláteis demais. Esse é um debate esperado dentro da empresa caso o presidente Jair Bolsonaro vença a eleição.

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