Bloomberg Línea — A soma das exportações e das importações do Brasil atingiu um nível recorde de 35% do Produto Interno Bruto (PIB). A medida é apontada por economistas como uma forma de calcular o nível de abertura comercial de um país e a inserção da economia no comércio global.
Essa taxa esteve entre 15% a 25% para o Brasil desde o ano 2000 e passou a subir no fim de 2018, atingindo o nível recorde neste ano. Os dados foram calculados pela equipe de economistas do Bank of America Merril Lynch (BofA), liderada por David Beker, e divulgados em relatório a clientes nesta quinta-feira (20).
De acordo com os economistas, o crescimento da taxa de abertura comercial tem relação com o aumento dos preços das commodities, que fizeram as receitas com exportações subirem. Os principais produtos exportados pelo Brasil são soja, petróleo bruto, minério de ferro e carne bovina. O aquecimento da economia no último ano também elevou as importações, permitindo um crescimento do comércio exterior do país.
“Do lado das exportações, a maior parte do crescimento recente vem de aumentos de preços, enquanto as importações têm seus níveis impulsionados tanto por quantidades quanto por preços. Tal desenvolvimento, apesar de geralmente positivo, resulta em uma maior exposição da economia brasileira às flutuações globais”, escrevem os economistas no relatório.
Apesar do crescimento, a taxa de abertura comercial do Brasil continua abaixo do nível das principais economias, de acordo com o Banco Mundial. A média da América Latina é 53% do PIB. Entre países de renda per capita média alta, grupo do qual o Brasil faz parte, a média é de 49%.
Os economistas do BofA apontam que, apesar do aumento dos preços das commodities, o cenário global está menos favorável para o Brasil neste ano porque os produtos importados pelo país subiram de preço de forma mais acelerada. Isso fez com que os termos de troca – a diferença entre os preços dos produtos exportados e importados – caísse em relação ao ano passado.
O banco revisou para cima as projeções para as exportações e as importações brasileiras para 2022. No caso das exportações, a estimativa passou de US$ 315 bilhões para US$ 335 bilhões. Para as importações, a previsão é de US$ 280 bilhões (ante US$ 250 bilhões anteriormente).
O banco também vê uma piora na balança de serviços, o que deve pressionar o resultado do balanço de pagamentos. A expectativa agora é que o Brasil encerre o ano com um déficit nas transações correntes equivalente a 1,7% do PIB (ante 0,5% da projeção anterior), mesmo resultado do ano passado.
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