iFood encerra operações na Colômbia e amplia onda de demissões do setor

A companhia havia dito em agosto que buscaria ser o primeiro aplicativo de delivery rentável no país

Receita total chegou a US$ 991 milhões no exercício fiscal encerrado em março, à medida que se expandiu para outras cidades no Brasil
21 de Outubro, 2022 | 03:33 PM

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Bloomberg Línea — O iFood vai encerrar suas operações na Colômbia no dia 21 de novembro, ampliando a onda de demissões em empresas de tecnologia da região. O gigante do delivery brasileiro disse que a saída é parte da estratégia do iFood e da Delivery Hero, empresa alemã com a qual o iFood tem uma joint venture na Colômbia, de deixar o país e focar em seus mercados prioritários.

“A decisão é uma estratégia do negócio em função do momento do mercado de capitais”, disse a empresa, por meio de nota. O iFood disse que “seguirá investindo no Brasil, onde nasceu e é líder”.

Durante o processo de encerramento das operações na Colômbia, o iFood disse que “oferecerá suporte e informações a todos clientes, entregadores e restaurantes, atendendo a eventuais demandas e dúvidas da melhor maneira possível”. Em abril de 2020, o iFood comprou a Domilicilios.com na Colômbia, uma subsidiária da Delivery Hero. Desde então, a operação colombiana pertencia 51% ao iFood e 49% à Delivery Hero.

Deixar um mercado onde não se é líder também foi uma estratégia adotada pela Uber, que deixou de operar o Uber Eats para entregas de restaurantes no Brasil, ao que o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse à Bloomberg Línea em junho que “não há por que ficar em um país se não puder ser a plataforma vencedora”.

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Contudo, em conversa recente com a Bloomberg Línea, a country manager da Rappi no Brasil, Tijana Jankovic, disse que a Rappi não tem qualquer plano de deixar o Brasil.

A sul-africana Naspers/Prosus adquiriu recentemente a fatia da JustEat na Movile, dona do iFood, e passou a controlar integralmente a operação da companhia. A transação custou US$ 1,8 bilhão pelos 33% restantes do iFood, que pertenciam à JustEat, o que garantiu um valuation de US$ 5,4 bilhões para o iFood.

A transação fez do iFood a startup de capital fechado mais valiosa do Brasil e a segunda da América Latina: apenas Kavak (US$ 8,7 bilhões) vale mais. A Rappi foi avaliada em US$ 5,25 bilhões após uma rodada de financiamento de US$ 500 milhões em julho do ano passado, segundo o PitchBook.

Na América Latina, a Delivery Hero controla a companhia PedidosYa desde 2014, que, no início, operava nos seguintes países: Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, México, Peru, Porto Rico, Venezuela e Uruguai.

A receita total do iFood chegou a US$ 991 milhões no exercício fiscal encerrado em março, à medida que se expandiu para outras cidades no Brasil, enquanto os prejuízos em toda a operação chegaram a US$ 206 milhões, impulsionados por investimentos na frente de entrega de supermercados.

Queremos agradecer a todo o ecossistema por seu apoio incondicional, assim como à nossa equipe e a todos os colombianos que fizeram parte de nossa plataforma iFood na Colômbia”, disse a empresa.

No final de agosto, o iFood disse que buscaria ser o primeiro aplicativo de delivery rentável na Colômbia.

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As empresas de tecnologia, principalmente os aplicativos de delivery, revolucionaram o mercado com seu crescimento exponencial entre 2019 e 2022, e as plataformas passaram de representar 19% das vendas de restaurantes para 35% de acordo com o Green Information Group”, disse o iFood, na época.

A empresa também tinha dito que focaria suas operações em nove cidades: Bogotá, Barranquilla, Cali, Palmira, Manizales, Soledad, Valledupar, Montería e Santa Marta e também se propôs a aumentar a oferta disponível na plataforma, acompanhando o treinamento e a produtividade dos restaurantes para aumentar seu faturamento. Em agosto, o iFood tinha dito que iria manter comissões competitivas no mercado e garantir uma melhor logística para os domiciliares.

“A empresa procura acompanhar a estratégia de rentabilidade com impacto positivo e responsabilidade por todo o seu ecossistema”, disse, na ocasião.

-- Com a colaboração de Isabela Fleischmann

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Daniel Salazar

Profissional de comunicação e jornalista com ênfase em economia e finanças. Participou do programa de jornalismo econômico da agência Efe, da Universidad Externado, do Banco Santander e da Universia. Ex-editor de negócios da Revista Dinero e da Mesa América da Efe.